Embora o “fair play” esteja ligado à
ética desportiva, ou, genericamente ao modo leal de agir ou jogar segundo as
regras, de modo a não prejudicar de forma propositada o adversário, as suas
atitudes e determinações também se aplicam ao campo musical, quando duas
entidades distintas se confrontam na atribuição de um prémio e na sua
respectiva aceitação, merecendo cada uma o seu devido respeito.
Pouco
diligente, Bob Dylan aceitou o Nobel da Academia Sueca, embora de forma tardia,
já que se trata de uma instituição de craveira internacional; todavia, fê-lo
como forma de “fair play”.
Mas,
da mesma forma que não foi diligente também fez um certo “fair play”, alegando
que por "compromissos de trabalho", talvez, não estaria na atribuição do prémio,
nem determinou a forma como recebê-lo.
Ao
seu estilo, tanto faz mais um milhão de dólares, como a honra na recepção do
prémio, podia-se dizer que se “está nas
tintas”, embora a sua poesia e os seus
poemas venham destas cores e dos seus traços.
Um
dia, em terras próximas de Bob Dylan, reclamei com o bagageiro, por causa de uma
mala atirada sem precaução. A resposta do bagageiro foi muito simples:
“coloque-a, você”.
Esta
falta de “fair play” que nos causa alguma perplexidade, a nós europeus, parece
inscrita nesta espontaneidade e franqueza, que esconde alguma “rusticidade”.
Este “estado rústico” da região dos “mil
lagos” contrasta com o “estado ou tom polido” da Academia Sueca, que julgando
receber um certo “fair play”, mais condigno de tal celebridade, foi
surpreendida pela rusticidade de um Bob Dylan, que de “pessoa culta e urbana”
que parece ser, se deixa contaminar por uma rebeldia que se arrasta numa certa
rusticidade, própria da zona dos “mil lagos”.
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