No livro “Civilização da Imagem”
retracta-se o conflito entre um marinheiro e
um oficial da marinha, em duplo sentido.
Enquanto que o marinheiro na USA NAVY é tratado, democraticamente; num caso de
averiguação e sentença; numa situação idêntica na “Armada Portuguesa”, o luso
marinheiro acarreta com a culpabilidade «in toto», ou seja, na sua totalidade.
Esta exemplificação estava
reservada para o regime anterior ao 25 de Abril, mas as mudanças de mentalidade
demoram anos.
O sentido autoritário e
autocrático ainda permanece em muitos estratos das camadas sociais portugueses.
Estes “resquícios autoritários”, de infeliz competência, permanecem ainda em
certas mentalidades.
O chamado “capital cultural das
famílias portuguesas” que deve implicar alguma competência, responsabilidade e
exigência esbate-se com “formação” e “educação” dos seus agentes.
As diferenças culturais dos
emigrantes do Leste são visíveis a nível universitário.
Este “underground” cultural tem
sido ultrapassado, passo a passo, culturalmente; sendo visível numa juventude
mais bem formada.
Dizer que “os portugueses se
levam muito a sério” pode ser uma frase jornalística, de pura retórica.
Porventura, às vezes, os portugueses exaltem muito o seu “eu”, mas como afirma
José Gil é totalmente o inverso.
O chamado “chico esperto”, ou, a
ausência de incrustação, de se assumir plenamente caracteriza muito os
portugueses.
Os portugueses deviam levar-se
mais a sério nos seus “direitos e deveres”, no seu “espaço de cidadania” e na
sua “afirmação com os outros”.
Deviam ter mais “certezas”
daquilo que são, daquilo que valem e daquilo que podem fazer.
O chamado “déficit de confiança”
dos portugueses, faz-me lembrar o “longínquo aviso” de um Secretário de Estado
Americano, em frente ao mosteiro dos Jerónimos:
- “Vocês, foram capazes de fazer isto”.
O País do “Uno” da política, do cómico, do "economista", do jornalista – ( DA IMAGEM) -,
daqueles que ousam concentrar a “totalidade” - “in toto” - na sua imagem, na sua
personalidade, procuram obscurecer que a “obra e a epopeia” foi feita por pedreiros
e navegadores que desconhecemos.
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