A perspectiva dos franceses,
olhando para Portugal é de que é um “pays pauvre”. Esta perspectiva perpassa na
mentalidade de luso-descendentes e na mentalidade dos políticos franceses, na
sua generalidade.
Embora, o conceito de pobreza
seja muito relativo, “absolutamente” Portugal é um país com fracos recursos
materiais e espirituais, neste universo financeiro e tecnológico, que rodopia
na esfera da globalização.
Todavia, esta condição de “país
pobre”, condicionada a todos os estratos da sociedade portuguesa, releva de uma
arrogância atroz; sobretudo, quando se trata de “instituições” em pé de
igualdade frente à comunidade europeia, em que infelizmente não se consegue um
certo equilíbrio de peso e influência. Nesta situação, o prejuízo acentua-se,
não só, para as próprias instituições, mas também, para os próprios indivíduos, a quem são sonegados direitos porque não são franceses.
A condição de “país pobre”, embora mantendo a sua identidade, também não se
pode render à supremacia diplomática, que a arrogância francesa pretende
exibir. A identidade portuguesa, reafirmada pela língua, não pode, nem
deve deixar que os espaços da sua
influência sejam comandados pela arrogância mental e supremacia tecnológica
francesa.
Historicamente, a existência de
Portugal, como nação, foi acaso de um milagre, sustido por forças
inconformadas. Este inconformismo, ditou que uma parcela de terreno exibisse
uma identidade própria, como símbolo de resistência. Uma identidade grande e
generosa no seu processo de constituição, mais parecida com um leão de "pés de
barro". Com uma força espiritual, insuflada por qualquer espírito que a
condicionou na sua existência; porventura, por uma fé cristã, crente no seu Deus,
que a tornou serva do seu destino.
Se o inconformismo se ergue como
bandeira, somente se pode exibir uma teoria da resistência. A teoria da
resistência é a arma dos oprimidos contra os opressores. Esta
consciencialização de oprimido deve ser assumida por todos os actores políticos
e sociais de forma a encontrar os processos de libertação.
Em quarenta anos não encontrámos o
caminho e os processos de libertação. Além de muitos erros, o essencial é a identificação
com o opressor.
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