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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

EUROPOLITIQUE: O Celibato de Latrão

Voltávamos da grande Ilha do Peloponeso em direcção à capital Atenas. Num dos assentos do “ferry-boat”, em nossa frente, viajava um sacerdote grego com o seu filho, a sua esposa e sua barba venerável. Desconhecia, na época, que a Igreja na Grécia era a maior proprietária fundiária em solo grego; todavia, estava ciente que a “ortodoxia grega” era diferente da católica, melhor dito, da romana com os seus ritos e a sua teologia. Aliás, a invasão árabe ou o império otomano sempre deixou aos gregos a liberdade de prática religiosa. Contudo, admirava o sentido de divórcio da “igreja ortodoxa”, que permitia ir até “à terceira vez” na questão do casamento, sem excomunhão. “Errar duas vezes é legítimo; três é absurdo!...” (Sem dúvida, admirável era contemplar a sequência de campanários ou igrejas que à semelhança do Norte de Portugal se estendiam pelas suas aldeias e vilarejos). Todavia a imagem do sacerdote barbudo revém-me nesta altura natalícia. Nem sei, por que?!... Partilho esta impressão. Após a leitura do livro “Código Da Venci” quedei-me numa desmitificação da questão do celibato. Ainda que a “consagração única e exclusiva” exista na igreja ortodoxa, ela é de “opção individual”. A tradição desta obrigação advém após o II Concílio de Latrão, em 1139, em que o celibato entra na Igreja como obrigatoriedade. Um pouco tempo antes, Dona Elvira, regente do Reino da Galiza, no tempo de Ramiro I, nutria grande apreço pela “igreja ortodoxa” e procurava nela o seu fundamento. Estas ligações históricas, um pouco antes da época do Concílio de Latrão, vem demonstrar que os bispos, naquela época, podiam ter filhos, embora se desconheçam as esposas. Claro que não procuro o fundamento na dita “igreja ortodoxa”, nem me sinto galego. Todavia nutro uma grande simpatia pelo espírito da igreja ortodoxa, e anseio que o problema do celibato, como opção de vida, não seja de absoluta obrigatoriedade. “O mundo espiritual” da Igreja, de uma beleza celestial, deve aproximar-se do “mundo humano”, aceitando as suas contradições.

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