“A primeira vez que li, num
jornal angolano, a expressão «traidor à pátria», seguida do meu nome, senti o
coração apertar-se” (Agualusa, Milagrário Pessoal, pg.149).
A primeira vez que vi a palavra
“refractário” em letras garrafais a vermelho, antecedida do meu nome, senti um
grande alívio, porque os problemas da independência em Angola ainda
continuavam.
Todavia, esta ousadia de ser refractário, por causa de
Angola, originou uma demarcação feroz nas fronteiras portuguesas.
Gosto de ler Agualusa. Gosto de ler
as descrições do “Zé do Telhado”, aliás o «Velho Teixeira», em que: “Assassinos
transformam-se depois de mortos em santos pertinazes” (pg.140).
Por vezes, esta magia africana
enfeitiça-nos com personagens tão perto e tão longe das nossas memórias, que nos
levam junto do emblemático título de Gunderedo.
Em sonhos primaveris, em plenas
águas do encantado rio Minho, aquele que se tornaria no primeiro rei da
Noruega, apelidado de grande assassino se transformou ainda em vida em Santo
Olaf.
Valha-nos a memória que nunca
atacou a Sé de Tui e nos deu os laços que nos unem a este país irmão.
“Vou levar-te comigo...irmão”.
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