Agualusa, escritor angolano do Huambo parece que se mudou de armas e bagagem para Moçambique.Porventura, atraído pelos meandros do rio Matola e seus afluentes, inebriou-se, encantou-se e instalou-se na “doce choupana” de Mia Couto, cujo tecto escuro navega num manto verde.
“A Educação dos Pássaros” faz-me lembrar o estilo contador de Mia Couto, e a nova narrativa de Mia Couto faz-me recordar Agualusa.
A irmandade espalhou-se em novos devaneios artísticos e literários que me deixaram algo confuso pela profusão temática, narrativa sonhadora e conteúdo de mensagem que navega de onda em onda ao sabor de uma maresia africana.
Ao contrário da “doce choupana” de Mia Couto, suavemente incrustada na suave curva do rio, a realidade africana esconde-se num fundo negro, sobressaindo somente um verde de esperança na crista da pluma destes escritores.
Acresce-se à subtileza desta troca de estilos, uma sobreposição de imagens que o mundo ocidental pressente numa certa diferenciação e emancipação.
“Onze contos sobre anjos, demónios e outras pessoas quase normais”, na tal “educação sentimental dos pássaros” chilreiam em sentimentos, cujo cântico enigmático, traduzem uma realidade oculta, cujos enigmas nem sempre são perceptíveis.
Após leitura dos dois últimos livros destes autores, surge uma marca de transferência de identidade de estilos, que o tempo nos revelará nas suas insondáveis realizações.
Na minha "Confissão de Leoa" quedo-me no "Milagrário Pessoal" e na inconfundível figura de "Zé do Telhado".
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