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quinta-feira, 7 de julho de 2011
Episódios angolanos.5. "Tem granada!....Tem granada!..."
Escondidos nas curvas e por baixo de arbustos, era uma táctica e estratégia comum da força policial, tanto em terras lusas como gaulesas.
“Stop!...”
Penduradas as bouças em saudáveis embondeiros, ou semelhantes árvores de reposteiro, erguiam-se como caixas de “esmola aos santos”, quer dizer, as malas dos agentes de trânsito.
“Stop!...”
O maço de papéis enredava a consulta, portanto, o mais provável era a multa.
Mas saber negociar fazia parte do enleio e do paleio.A nobre função estatal escondia os interesses pessoais, cuja avidez se sobrepunha à função executiva.
Os mais recentes agentes ainda não tinham entrado na engrenagem policial, mas já se tornavam peritos no suborno das mais variadas peripécias, e tudo servia para encontrar “documento” sem ponto nem vírgula, sujeito à detenção.
Vangloriava-se certo chefe policial que qualquer almoço sem a “verde garrafinha” não tinha sabor, nem gracinha.
Portanto, a caça à multa tornava-se imperial.
Estes “nobres agentes” tinham andado no mato, e a sua adaptação à vida citadina implicava mudanças interiores que a rudeza matagal ainda não tinha colmatado. Ao contrário de certa elite militar que se esbanjava em mordomias salariais e sociais, o elo mais fraco tinha de ir para a estrada, para o ...
“Stop”.
Ainda não recomposto das sequelas da mata, José Malungo manda parar o carro.
"Stop".
Soberanamente pergunta:
- O pescoço?!...
- As duas moças ficaram assustadas com a utilização da palavra “pescoço” e ripostaram.
- O que é isso do pescoço!... Mas rapidamente intuíram que era o Bilhete de Identidade e mostraram os respectivos documentos, ao mesmo tempo que sentiram um mão roçando os seus seios, ouviram:
- “Tem granada!... tem granada!.... “
A condutora deu um grito com tanta força, que José Malungo deixou cair os documentos.
Irritadas com tanta prepotência, rapidamente o “stop” transformou-se em “no stop”.
Diz uma amiga para a outra:
“Acelera que é...
- Stop”.
copyright - Luságua.
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