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sábado, 30 de outubro de 2010

Utopias 1. "Consciência colorida"

“Uma consciência colorida”




Ultimamente tenho relido António Damásio, e o seu “livro da consciência”. Confesso que nem sempre é fácil tirar conclusões decisivas.

Todavia, gosto deste processo de “consciência cognitiva”, situada na linha das neuro-ciências, que nos arrasta para a dita “consciência moral”.

Sempre tive uma atracção para o processo das cores, a sua ligação à televisão, e outras formas quejandas.

“Se pretendemos entender a forma como a memória funciona temos de entender o modo como o cérebro estabelece o registo de um mapa, bem como a sua localização. Será que o cérebro cria um fac-símile da coisa memorizada? Ou será que que reduz a imagem a um código, que a digitaliza, por assim dizer? Qual destas opções será? Como? Onde?” (pg.174).

Outras sugestões surgem noutro contexto, ora vejámos:

Os “nossos conceitos de cores, as suas estruturas internas e o seu relacionamento entre eles, estão intrinsecamente vinculados à nossa personificação:

- condições de iluminação

- comprimento de onda da radiação electromagnética

- processamento neural”.

Quer dizer, “a ciência cognitiva diz-nos que as cores não existem no mundo externo”.

Se não existem no mundo externo, logicamente, estão associadas ao mundo interno. Não totalmente.

Ora “os nossos corpos e cérebros evoluíram para criar a cor”.

Portanto, como aparece a cor?

“A nossa experiência da cor é criada pela combinação de quatro factores:

- comprimentos de onda da luz reflectida,

- condições de iluminação (e dois aspectos de nossos corpos):

- os três tipos de cones coloridos em nossas retinas, que absorvem a luz de ondas longas, médias e curtas,

- o complexo circuito neurológico conectado a estes cones.

“Vemos uma cor em particular quando as condições de luz no contorno do objecto estão correctas, quando a radiação em certa gama afecta as nossas retinas e quando nossos cones coloridos absorvem a radiação, produzindo um sinal eléctrico que é apropriadamente processado pelo circuito cerebral em nossos cérebros. A experiência qualitativa que isto produz em nós é que chamamos de “cor”.

Kant afirmava “um céu estrelado por cima de mim; e, a lei moral em mim”

Será a “conciência colorida”?...
Ou, a consciência poder ser bela?...


P.S.(O princípio de captar e receber as imagens em cores está na decomposição da luz branca em três cores primárias que são o vermelho (R de red), o verde (G de green) e o azul (B de blue). Numa proporção de níveis de 30% de R, 59% de G e 11% de B. Na recepção o processo é inverso, a imagem compõem-se através da somatórias das cores de pixel, ou seja, nos pontos da tela do televisor.)



Artigo traduzido do livro Philosophy in the flesh – The embodied mind and its challenge to western thought, George Lakoff and Mark Johnson. Basic Books, Nova Iorque, 1999.

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