Não há poema
que resista
à tua beleza, Ipanema.
Mas lá dos confins
se filtra em revista
a epopeia dos “pasquins”.
“Deus havia criado o sexo,
Freud criou a sacanagem”
O público ficava perplexo,
Atónito, partia para outra paragem.
Raramente, os jornais saíam dos comboios. Produto de luxo, o seu preço relembrava o salário de um trabalhador francês, quando eles foram lançados. Todavia a arte e engenho brotava em veia poética e sarcástica nos “Pasquins”.
Panfleto anónimo, sem hora nem dia, ribombava em eco sarcástico, que sedentos prelos sorviam e ouviam em sonoras gargalhadas, embalados em sôfrega audição, não fosse ele um ultraje à tradição.
Alcoviteiro, por excelência,
clamava por digno decoro.
O seu anúncio era urgência,
declamado em riso e coro.
Qualquer escândalo digno de um reconforto moral erguia-se em pluma incandescente, cujo objectivo era despertar a gente. As mais castas e doces donzelas, símbolo de cândida beleza, empalideciam com a esgrima e rima de ávidos e audazes faunos e poetas, que despertavam em poemas despidos de pérfidos cupidos .
Jornal anónimo, emproado em versos de força métrica resplandecia quando ecoava em qualquer voz sonora. Os ouvintes escutavam, gracejavam e uivavam aos secretos noticiários, gemendo os mais perdulários.
O seu conteúdo esvaziou-se no correr do tempo. As memórias longínquas situam-se muito antes dos anos 68, já que o “Pasquim” floriu no Brasil.
(“Pasquim – escrito que se afixa num lugar público e que contém expressões irónicas e curiosas sobre algum “affaire”, pessoa ou corporação”)
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domingo, 25 de janeiro de 2009
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