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sábado, 26 de outubro de 2019

EUROPOLITIQUE: O Grande Mestre da Cantaria na Quinta do Outeiral - freguesia de Gondarém -VNC. (Cantaria = pedra talhada para colocação em obra)

Autoria do Grande Mestre de Cantaria José Abreu

«"Pedra"!... é comigo», dizia-me o jovem e inocente pedreiro na sua sabedoria, longe do mestre, no tempo e na arte da cantaria: 

O último “canteiro” de régua, lápis e esquadro que desenhava e esculpia as lindas fachadas, portões, vasos e fontes da bela Quinta do Outeiral desapareceu de forma incógnita, cujo nome recordámos como José Abreu. Era o chefe dos pedreiros que diligentemente embelezavam os cantos e formas graníticas desta propriedade. Pertencia ao grupo de agnósticos que liam os jornais que o comboio trazia para as suaves encostas desta freguesia. E, se não bastassem as notícias que chegavam, refrescavam-se com uma viagem até à capital para actualização dos mais recentes acontecimentos. Este grupo de agnósticos era marginalizado como bando de ateus, a quem o chefe religioso negava os seus ofícios. Mas, a arte ou ofício de cinzel e martelo endureciam as mãos calejadas deste "mestre da cantaria", que ainda que não fosse escultor ou artista, era artesão de mão firme, cujos pergaminhos se encrustavam no desenho e na pedra, que se revelam nas suas linhas e formas exteriores. 

Se, quase de metade das obras de cantaria, não passaram pelas mãos e crivo deste artesão, autêntico mestre da cantaria,  é por que não é possível dar um nome ou batizar todos os seus objetos estéticos, que sendo de pedra ilustram e enobrecem este local, em cujo traço permanece incógnito. José Abreu continua aberto no nosso céu e firmamento; por isso, lhe dedicamos este singelo documento.

Se os egípcios foram os grandes mestres na técnica e na arte da cantaria com os seus túmulos e pirâmides, os romanos não deixaram por mãos alheias a orgânica e regularização do ofício de “mestre canteiro”, de cuja língua lhe provém a sua etimologia. A cantaria enquanto arte e ofício manual entrou em declínio dos anos 60 a 70 do século XX. A cantaria portuguesa expandiu-se por terras brasileiras deixando autênticas obras de arte, sobretudo em Ouro Preto. Perdurou durante os anos 30 a 50 deste século, mas os autênticos mestres da cantaria, desde a pedreira até à oficina da pedra, estavam em via de extinção. Como afirma Luísa Martins “"na essência da cantaria está muita da simbologia maçónica, como o esquadro, o compasso, porque a filosofia da pedra significa que perdura nos tempos e que é pura”. Ou seja, o desejo de construir para a eternidade é marca do “mestre da cantaria”. 

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