Segundo certos autores “não nascemos com um conhecimento de propriedade”. Portanto,
é na infância que nos identificamos ou inculcamos (introjetamos), no que consiste a
propriedade. Mas existe uma diferença entre identificação e introjeção.
A identificação conduz aos princípios
voluntários de aceitação, (neste caso, em que é a propriedade), na qual se
desenvolvem comportamentos de “cidadão cumpridor da lei”, aceitação pela
sociedade e reconhecimento social.
Embora ostensivamente estas análises corroborem a teoria psicanalítica, encontramos perspectivas interessantes.
Já
dizia Aristóteles, “o homem é uma animal racional, social e político”. Portanto,
viver em sociedade, é viver na pólis, é aceitar pagar impostos, tendo como lema
que, qualquer senhor é proprietário.
A introjeção, ou, simplesmente, a inculcação
destes valores conduz a um processo em que a criança, sobretudo antes dos 5
anos, é incapaz de perceber um princípio, regra ou lei, quedando-se num estado em
que não perceciona as consequências daquilo que lhe pertence ou não, presentemente
ou até num futuro próximo. As noções de propriedade agudizam-se no
contexto familiar de uma forma que parece que as pessoas retornam à sua
infância. Além do lado afetivo e sentimental dados às coisas ou à propriedade,
existe quase como um regresso às origens, ao seio maternal, em que o sentido de
pertença gera conflitos.
Se, “os valores são as
regras que usamos para decidir o certo e errado, o bom e o mau, o que é real e
verdadeiro” porque, então, temos dificuldade em distinguir o que é o roubo do
que é a propriedade, no contexto familiar? Ou, ainda, por que confundimos as
partes com o todo, o todo e as suas quotas, os direitos com deveres e
vice-versa, ou, a diferença dos seus atores
com valores que lhes são
contraditórios?
Será
um retorno à infância, ou, será a pura ganância?
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