Das “pesqueiras”, locais fixos e sinalizados da pesca da lampreia, até aos "cais" ou “portos de pesca”- (Gondarém tinha dois: por exemplo, "cais da Mota", ou, "cais das Faias), - ancoradouros dos seus barcos, artefactos, utensílios ("redes específicas", segundo regulamento de 05.08.1880) para a captura deste ciclóstomo, convém referênciar que esta actividade ("arte piscatória") remonta ao ano de 1017.
“O reino de Portugal era ainda um projecto embrionário quando em 1125 Teresa de Leão concedeu ao Bispo de Tui o exclusivo da pesca no rio Minho”. (Fortunato de Almeida, in Expresso).
Os honrados lavradores de Gondarém pagavam a Sisa e imposto de barco, às respectivas autoridades, e, orgulhavam-se dos seus conhecimentos empíricos nesta "arte piscatória".
Se antigamente os impostos agrícolas se canalizavam para Santa Maria de Oia, posteriormente para o condado portucalense, realeza e finalmente República; as taxas e suas cadernetas piscatórias dependiam das autoridades eclesiásticas de Tui, junto ao rio (Capitania de Tui), ou, das autoridades marítimas junto à foz do Minho (Capitania do Porto de Caminha).
[Aliás, do porto de Caminha partiam os barcos para Lisboa, antes da via férrea].
[Aliás, do porto de Caminha partiam os barcos para Lisboa, antes da via férrea].
Os cais, ou, ancoradouros de Gondarém (2) eram zelosamente vigiados pela guarda fiscal, (fazendo relembrar a antiga alfândega de Vila Nova de Cerveira), sendo o seu número total de doze no rio Minho, em cujo universo de 347 pescadores licenciados para a pesca da lampreia-marinha se situam várias dezenas dos seus habitantes.
As mais importantes espécies migradoras no rio Minho eram a lampreia-marinha (Petromyzon marinus), sável, enguia, solha, e, muito raramente, o salmão.
A caracterização sócio-económica dos honrados lavradores de Gondarem é bem diferente das actuais condições. Numa economia agrícola e fechada, cuidar dos campos na Primavera e Verão, pescar de Janeiro a Junho constituíam recursos e condições económicas de bem-estar e viver, (embora pagando os seus impostos), que se inscrevem até aos principios do século XX.
A poluição e as mudanças ecológicas desbarataram a riqueza piscícola de outrora, mas a tradicão gastronómica reclama que a lampreia-marinha retorne à sua degustação.
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