Qualquer moçambique ou angolano médio tem um conceito de identidade nacional superior ao do cidadão português. Quando chegam a Portugal, o que desejam comprar ou ter, é do “bom e melhor” (os últimos telemóveis, os últimos fatos, etc...), para não citar os “afortunados” desses países, que gastam de forma superior. Quando se fazem comparações, entre a vida em Portugal e de África, só lamentam as estruturas que não têm no seu país.
Todavia, quando se fala de descontos e impostos nos seus salários, não gostam muito de comparações. (para não dizer, que os descontos, em Angola, para a Segurança Social são da ordem dos 3%).
Se, a ideia de “estado social” não está presente nas suas mentes, é porque a esperança, a crença ou a estabilidade nas suas estruturas é quase nula, quando esses países são de origem marxista, ou, socialista. A Segurança Social, quer em Angola, quer em Moçambique, é mesmo um “case study”. Ou seja, uma pirâmide social invertida ao contrário da europeia. O “capitalismo de estado” à chinesa, parece ser um paradigma para alguns afortunados do sistema. “A terra é do Estado”, não se vende, nem se compra, somente se aluga (quer em Angola, quer em Moçambique). A propriedade privada e as empresas privadas são fonte de receitas, sem elas o Estado não funciona.
“As coisas não funcionam”, ou seja, as instituições não são credíveis, a corrupção e a falência dos sistemas sociais é constante. (Se, por acaso, a Segurança Social tem fundos positivos, rapidamente se depilam em sistemas bancários, caso evidente, em Moçambique).
Quer a nível da saúde, quer a nível da educação, o “salve-se quer puder”, ou, a procura do ensino particular é uma constante deste grupo social. Mas, sem impostos, ou melhor sem receitas não pode haver sistemas sociais.
Estes dois sistemas básicos, não podem viver sem impostos, sem receitas. Nos países árabes, ricos em petróleo, as necessidades básicas são, em parte, satisfeitas pelo Estado. Este circuito de riqueza criada que se transfere das pessoas para as instituições e destas para as pessoas, somente com a credibilidade dos seus agentes pode funcionar. Ora, estes agentes estão nessa classe média emergente que tem de ser a alma e o motor da economia.
As estruturas que não têm no seu país dependem do grau de exigência, trabalho e consagração destas mentes, que em vez de se identificar com o “colarinho branco”, ou os colarinhos brancos, encontrem as raízes do seu desenvolvimento.
N.B. Propaga-se em "certo senso comum", que a falência do
BES, se deve aos 4.500 milhões de dólares de uma garantia angolana. Se, o BES sofre
embates, ou, dificuldades, a gota de água transbordou o copo com esta falta de garantia. (Aliás, 20% da
economia portuguesa sofreu com este descalabro). Mas, apesar deste descalabro, a
estrutura intermédia e social do País teve de reunir forçar para ultrapassar
estas dificuldades.
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