A famosa “acumulação primitiva de capital” em Angola permitiu
a ascensão de quase 7.000 milionários angolanos, onde 320 são multimilionários.
Se, a “terra é do Estado”, a noção de propriedade privada, somente,
agora, começa a ganhar sentido. (O primeiro e grande obstáculo da economia
angolana, na nossa opinião).
Aliás, a passagem de um “estado socialista” para o “capitalismo
de Estado” navega à vista, e, deu origem a uma economia, onde quase tudo depende
do Estado. “Haja dinheiro, que eu me encarrego de distribuí-lo” – dizia Felipe
González, mas é aquilo que parece não haver em Angola, por causa do petróleo.
Mas, surgiram muitos milionários!... Estarão dispostos a
aplicar os seus capitais numa economia moderna e doméstica? Dará o Estado
espaço à emergência de empresas dependentes do papel destes milionários? Ou,
gravitarão, estes milionários, à sombra do Estado?
Fala-se em “despartidarização do Estado,
desgovernamentalização da economia, desenvolvimento do sector privado,
separação do político do económico, do partido do governo, dos interesses
partidários dos interesses económicos”, etc...; mas, existem, coisas mais
simples e banais que começam pela predomínio da “economia informal”, pela
ausência de “taxa automobilística”, pelos descontos para a Segurança Social,
pela “informatização cívica”, pela aplicação do “IVA” , que podem ser diminuição
de poder de compra da população, mas são essências para as suas estruturas
sociais e despesa do Estado.
Angola carece de uma alteração económica e social, que
compete aos angolanos. País rico em recursos, e, talvez, pobre em recursos
humanos, detém quadros para uma mudança para um novo paradigma, que lhes
compete organizar.
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