O sonho, a realidade e a ficção misturam-se em devaneios no recente livro de José Eduardo Águalusa, intitulado a "Sociedade dos Sonhadores Involuntários". Conciliar uma traineira à deriva de Luanda até Olhão em Portugal, é uma realidade tornada ficção, como tratar a realidade de Angola num conto ficcional. Somente no capítulo XV nos apercebemos do centro da ficção.de Agualusa. Escritor, nato na cidade de Huambo, em 1960, esconde-se do mundo na sua casa em Lisboa, mas gosta de visitar a costa alentejana, onde diz que Portugal é grande. É, no Alentejo, que sente a grandeza de Portugal, como a amplitude de Angola nos seus escritos.
Ficcionar os "traumas angolanos", através de sonhos, recorrer ao aspecto onírico. freudiano da questão, talvez, seja a melhor forma de tornar real um sonho adiado, não concretizado, numa democracia, que demora a despontar.
A recente democracia em Portugal ainda não chegou a muitas mentes portuguesas, que fazem do seu comportamento e experiência pessoal, um percurso cujo denominador comum é o dinheiro e o seu exibicionismo. Os"princípios e valores" de uma democracia são lentos no seu crescimento, e não só somente as leis que mudam as pessoas. São os "usos e costumes" que se entranham no seu interior e no processo democrático. As "atitudes fascistas" persistem em Portugal atingindo o reduto mais elementar da personalidade jurídica de certos indivíduos, que ultrapassando as "chamadas desigualdade económicas e desigualdades políticas" incorrem numa ".espiral negativa", caindo numa espécie de "buraco negro".
A escrita de Agualusa é uma luta contra esta espécie de "espiral negativa" que arrasta para o "buraco negro" os idealismos de uma democracia saudável que obriga os cidadãos incautos,. ao recurso de uma traineira que vagueia, por excesso. e defeito, entre a cidade de Luanda e a cidade de Olhão, que embora factual se torna ficcional, numa realidade traumática de portugueses e angolanos"
É difícil curar traumas!....6 anos ou 60 anos?
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