Em terra de viscondes, cujo acrónimo é VNC, mais
conhecida por “terras do cervo”, onde pontifica altaneiro o seu "veado", cujo
símbolo faz recordar José Rodrigues, sempre se pagou impostos.
A restauração do concelho, por decreto de 13 de
Janeiro de 1898, reuniu documentação dispersa das comarcas de Valença e
Caminha. Somente, em 9 de Abril de 1921; com a inauguração da sua nova sede
surgiram as repartições do Tribunal Judicial, do Cartório Notarial, e as Conservatórias do Registo Civil e Predial.
No início do século XX, o pagamento da vulgar
“décima”, sobre os prédios catalogados, não era mais do que a “Sisa” (Serviços
de Impostos de Sua Alteza), a que se ajuntava o imposto sobre os “barcos”.
O comércio e a indústria escasseavam como possível
receita de impostos. As elegantes embarcações, de origem normanda ou viking,
contrastavam com as “chatas” ou “gamelas” galegas, relembrando que qualquer
“barco é belo como uma mulher” e está sujeito a resgate; por isso, devia pagar
imposto.
Nas classes sociais mais populares, ao estatuto de
“lavrador” aliava-se a condição de “pescador”, como meio de subsistência numa
economia agrícola e familiar de fracas trocas comerciais, mas que não escapava
aos impostos. Além da feira, sobretudo a “feira de gado”, muita gente adorava ir
assistir aos plenários e sentenças dos tribunais, colhendo ensinamentos de
justiça, a que se juntava o carácter da honradez, e, do cumprimento da “palavra
dada”.
A fraca literacia não impedia que existissem grupos
de pessoas mais esclarecidas que liam jornais ou escutavam a rádio; que, por
vezes, não escapavam à excomunhão de abades mais zelosos. Os informadores
políticos eram escassos e anónimos, escondendo-se por detrás de “mãos de
alpaca”, ou, "funcionários" mais atentos à vigilância popular, na época do Estado
Novo.
A “Cédula de Pescador” atestava junto do Município,
(que chegou a ter alfândega), o estatuto de pescador, elemento essencial a um
raro privilégio de possível reforma ou aposentação, já que as “Caixas de
Previdência” não abrangiam a tipificação de lavradores.
A rua dos “funileiros” e “latoeiros”, que remonta às
artes e ofícios da Idade Média, deu origem a novas profissões de fotografo,
ourives, farmacêutico, comerciante, e, outras de fraca memória. Mas, a pesca
fez sempre parte do imaginário, (canto: "vai-te lavar morena, vai-te lavar, se não te chega o rio, vai-te lavar ao mar".) da aventura e da profissão. O rio, tanto
seduzia o contrabandista como aquele que visionando um "achado", depositava
confiança numa noite de “boa pescaria”.
Nesse dia,
em que a luz fugia
a quem tinha sido lavrador,
por arte e magia de qualquer informador,
o raro privilégio de ter sido pescador,
chegou com a notícia de que iria ser recebedor.
Por quem os sinos dobram...
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