Segundo certa afirmação de que “em Portugal
confia-se tanto na rádio como na televisão”, segundo uma jornalista do Jornal
Público (Maria Lopes), algo de contraditório surge nesta questão. Esta contradicção pode surgir , quer do "media" analisado, quer da sua interacção, ou seja, do público com o próprio "media". O "flash" informativo da rádio é diferente da "notícia" (imagem) em televisão.
«Do mesmo modo como os romanos e os etruscos
dividiram os céus com linhas matemáticas fixas e, como num templo, confinaram
um deus em cada um dos espaços assim delimitados, assim também cada povo tem
sobre si um firmamento de conceitos dividido matematicamente e sabe, tal como a
Verdade o exige, que cada deus‑conceito deve ser procurado apenas dentro da sua esfera.”
Esta citação de um especialista em semiótica,
Roland Barthes, procura reforçar o papel da rádio na esfera da chamada "logosfera".
Ao atingir esta zona cerebral, são os conceitos que funcionam, obrigando o
ouvinte a um esforço cerebral que o torna mais activo, mais lúcido e mais
consciente.
A rádio tem características específicas entre
as quais salientámos:
«Devido à sua autonomia, a rádio deixou de ser um
meio de recepção colectiva e tornou-se individualizado. Esta característica
permite ao emissor falar para toda a sua audiência como se falasse para cada
ouvinte em particular. Com a actividade de ouvir podem desenvolver-se outras
tarefas e, por isso, a rádio torna-se um "pano de fundo" em qualquer
ambiente, despertando a atenção do ouvinte quando a mensagem é do seu
interesse. Com a rádio podemos ouvir as notícias ao mesmo tempo que efectuamos
outros trabalhos, o mesmo já não acontece com o telejornal televisivo se
pretendermos associar a notícia à sua respectiva imagem», segundo Catarina Amaral (Características da Rádio).
A televisão conduz a
uma certa passividade, à preguiça mental, enquanto que a rádio desperta o
ouvinte e obriga-o a um certo esforço cerebral (relacionamento conceitual).
Portanto, colocar a
informação da televisão no mesmo patamar da informação da rádio parece
demonstrar um público, que ouve mal a rádio, ou, "adormece" com a televisão.
Além disso, na rádio
destaca-se " linguagem oral, a mobilidade, o baixo custo, o
imediatismo e a instantaneidade, a sensorialidade, a autonomia e a penetração ".
Por isso, numa simples escala informativa, a rádio deve estar antes da televisão.
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