Em plena montanha da Suazilândia, os serviços de fronteira
da África do Sul exibiam os seus meios informáticos, já lá vai uma década.
Esta rara lembrança vem a propósito da
utilização dos serviços estatísticos e informáticos em Angola. Parece que o
último censo angolano contém informações que deveriam vir a público. Sem
análise estatística cai-se no logro de falsas informações que nada ilustram a
realidade angolana.
Se, Portugal, presentemente beneficia
de uma boa dose de informação estatística, além do trabalho de organizações
particulares como a Prodata, durante muito tempo esteve afastado destes
tratamentos numéricos, comparativamente com a França. Aliás, a imprensa
francesa socorre-se cabalmente do tratamento informático e estatístico.
Tudo isto, e em parte, tem a ver com
as importações angolanas.
Ainda que certos meios jornalísticos e
governamentais garantam um excesso de produção de cimento em Angola,
verifica-se que o produto mais importado foi precisamente o cimento, no
terceiro trimestre de 2014.
E, por ordem decrescente, surge o
sector alimentar com importações de açúcar, carnes, miudezas de frango e
arroz. Se, a importação de farinha de trigo se pode considerar normal, dado que
este bem alimentar é essencial para a população africana, que o digam os
moçambicanos, já a importação de peixe não tem grande justificação, ao
contrário da importação de “enchidos”, que implica a transformação da carne.
No terceiro trimestre de 2014, 50% dos
produtos pertencem ao sector dos alimentos, entre os 20 produtos mais
importados. Curiosamente, a Coreia do Sul ultrapassou a África do Sul, país
vizinho de Angola, que ficou em 6.º lugar; e, que representa 10% da totalidade da riqueza africana. Aliás, esta divergência com a África do Sul é sintomática. Como é habitual, a China, Brasil e
Portugal lideram as importações angolanas.
A urgência de uma boa “base
estatística” e a utilização dos “meios informáticos” são uma inquietação, não só
daqueles que se dedicam ao tratamento de dados, como também, presume-se, são um
anseio de certos governantes angolanos.
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