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quinta-feira, 19 de junho de 2014

EUROPOLITIQUE: Um Alentejo sem "patos bravos"




A paisagem do Alentejo, devido ao processo de regra de Alqueva, está a passar da sua riqueza cromática endémica para o colorido renovador de novas culturas, que se estendem num “novo verde”, realidade e símbolo de um autêntico pomar vegetal. O forte “verde azeitona” dá origem a outros coloridos efémeros de  novas culturas, que repousam no ocre da terra.
Esta “extensão de paisagem”, que sobe e desce no horizonte como as ondas de um mar, contrasta com outros sistemas de produção intensiva. Enquanto que nos USA, face aos hectares de produção se ergue uma casa e um silo, com o seu camião de transporte, assiste-se, em pleno Alentejo, à inovação de produção agrícola. Mas esta “extensão de paisagem” pode bem caminhar para uma produção de “patos bravos”, cujo destino é somente o lucro, abandono e desertificação.
É imperativo que o agro-alimentar e as suas indústrias se instalem e desenvolvam um processo de produção agrícola bem alicerçada. Se evocarmos a “paisagem americana” verificámos que face aos hectares de produção intensiva, reaparece uma fábrica e um comboio de mercadorias. Produz-se, transforma-se, comercializa-se.
Ainda estamos longe de uma indústria alimentar inovadora que atinge certos patamares, mas as condições começam a surgir e certas infra estruturas estão montadas.
Todavia, se caminharmos para uma “política de patos bravos”, apesar dos novos 150 milhões de recente investimento, corremos o risco de criar um novo deserto, pior que os antigos montes  alentejanos da cortiça e do sobrado.

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