O “Jornal de Angola” enaltece as
relações políticas, diplomáticas e estratégicas entre o Brasil e Angola.
Costuma-se dizer que o Brasil, não é um país, mas é um continente. Portanto,
nesta relação existe uma “relação fraterna”, bastante diferente, entre um irmão
maior e outro menor. Economicamente, o Brasil dispõe de recursos suficientes
para estabelecer boas parcerias com Angola. No entanto, nos sectores da
educação, saúde e transportes, o figurino do Brasil não é nada paradigmático
para Angola. Não só, pela constatação visível da sua população, como também
pela ineficiência brasileira nestes sectores. Aliás, são sectores, onde Angola
dá passos certeiros e seguros para uma boa construção, mas cujo modelo não
constitui uma ideia exemplar para Angola, ainda que este país se debata, num
grau inferior, com os problemas de água, luz, saneamento e uma agricultura de
subsistência. Se a classe média brasileira se afirma no seu estatuto, com direitos, deveres e impostos, a emergente classe média angolana deambula num percurso errático, que resvala na corrupção.
No campo agrícola, o
empreendorismo brasileiro pode ser um contributo positivo. Todavia, as grandes
empresas brasileiras, somente com o beneplácito do Estado, se aventuram em
grandes projectos. Portanto, quer a nível de estruturas básicas, se
exceptuarmos a agricultura e indústria agro-alimentar, e mesmo na emancipação
das grandes indústrias e construtoras, o Brasil deixa muito a desejar. Ainda
que o “Jornal de Angola” teça grandes elogios às parcerias entre o Brasil e Angola,
elas carecem de uma fundamentação mais profunda e realística.
Historicamente, mais de 4 milhões
de angolanos foram arrancados dos seus territórios para diferentes zonas do globo,
mas bastantes para o Brasil. Os laços profundos que a história esconde, devolvem
uma” legitimidade fraternal” ao relacionamento entre o Brasil e Angola.
Este “background”, historicamente escondido, nas suas raízes, conjuntamente
com os novos laços que se estabelecem numa “linha de fraternidade”, auguram que as
relações entre o Brasil e Angola atinjam um apogeu que se expresse no turismo,
na investigação, nas ciências, capaz de eliminar totalmente a questão dos vistos.
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