O mar calmo de Cascais
devolvia-nos, com a sua aragem, a policromia
de elefantes embandeirados em palhetes de cores e motivos cromáticos.
Subitamente, a brasileira,
encantada com a profusão de cores, evocou a mestiçagem do seu país, relembrando
os angolanos como “autênticos irmãos”, relegando, para plano secundário, os
lusos laços históricos.
O “Jornal de Angola”, na sua
procura insana das “elites portuguesas”, destila o seu aroma azedo em contextos
políticos, de parcerias esfumadas pela diplomacia arenosa, arremessando “pedras
e pedrinhas” à janela do seu amor. Como jornal, associado ao poder, evoca,
naturalmente, as esferas do poder, guindando-se, logicamente, às elites, às
cúpulas, aos deuses. Todavia, estes “deuses de barro”, longe estão dos
cabouqueiros que laboriosamente desenvolvem o seu trabalho. Aí, é que está a
seiva das árvores que alimentam e fazem crescer as relações entre Portugal e
Angola.
Certamente que esta "irmandade angolana
com os brasileiros" recai na polarização típica dos esteriótipos, ao sabor dos argentinos, de “nuestros
hermanos”, mas, que no contexto africano retoma a mesma reivindicação de aproximação
aos europeus. Dito de outro modo, os argentinos são os europeus da América Latina.
Será que os angolanos pretendem ser os “europeus de África”?
Ao lançarem “pedras e pedrinhas” à
sua elite preferida portuguesa, retomam um “namoro” que faz lembrar os estereótipos
argentinos.
Angola tem a sua própria cultura democrática, em desenvolvimento, que se
relaciona com outra cultura europeia, neste caso, a portuguesa. Mas, em vez de “pedras
e pedrinhas” que só podem conduzir a muros de confronto e separação, é necessário
alimentar as árvores com outros condimentos de salutar convivência.
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