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segunda-feira, 31 de março de 2014
EUROPOLITIQUE: O Brilhantismo da Novela Brasileira
O encantamento dos portugueses pelas telenovelas brasileiras preencheu “vazios de emoção e tempo” que brotam em expressões, figuras e imagens que fazem parte da sua linguagem e convivência social. Sociologicamente, algumas telenovelas são dignas de ser vistas, já que elas são construídas na base deste pressuposto no seu terreno social, ou seja, o Brasil. Apesar da telenovela “Av. Brasil” não alcançar a mesma repercussão que teve em terras brasileiras, não haja dúvidas que o seu preço de 160 mil euros por episódio, (aliás, grosso modo, por novela), consegue-se pagar por um minuto de publicidade, que no Brasil rende, nada menos, de 155 mil euros.
A riqueza da “linguagem narrativa da imagem brasileira” assenta em três pressupostos essenciais, que a “dita” telenovela portuguesa ainda não consegui dominar, “metrizar”, desmontar ou montar: o humor; a linguagem psicanalítica e a técnica narrativa.
1) O primeiro pressuposto é a adequada utilização do humor, misturado, raras vezes, com o cinismo, que abrilhanta o espaço cénico com uma linguagem de acção ou movimento, em que o gesto cénico exprime, no seu contexto de expressão, uma emotividade de representação cómica, sem a utilização de palavras, já que a imagem concentra em si toda a sua potencialidade, expressão e mobilidade.
2) O segundo pressuposto é a desmontagem psicanalítica da narrativa, que consegue fazer falar o inconsciente de uma forma fabulosa. O inconsciente é reflectido, por outra personagem que funciona como espelho da própria pessoa. No campo desta psicologia envolvem-se aspectos técnicos e personagens que emergem visíveis no processo de uma linguagem narrativa, que traduz técnicas de escrita audio visual.
3) O terceiro pressuposto é a “técnica de escrita audio-visual” que pressupõe, sem dúvida, anos de treino, no processo de construção de telenovelas, nas quais os brasileiros são exímios. Aliás, a imagem fixa nunca ultrapassa os cinco segundos. A rotatividade é constante. O “grande plano” domina em relação ao “pequeno plano”. Ou seja, a “imagem é o texto narrativo”, em que a palavra reforça o seu efeito demonstrativo.
4) Se, existe, um aspecto negativo na construção das telenovelas, ele revela-se na conivência e coincidência de factos, que pretendendo segurar as partes da história se encaixam artificialmente num todo, para manter a coerência da narrativa. Portanto, quando os portugueses conseguirem dominar a “linguagem narrativa da imagem” na utilização do “espaço do humor”, quando expressarem a desmontagem e montagem da “psicologia freudiana”, com recurso ao espelho ou reflexo de outro personagem, e, quando tecnicamente conseguirem fazer funcionar uma narrativa da imagem, com a expressão da sua rotatividade, certamente se evoluirá para outros patamares. Além disso, o “peso e dureza da linguagem portuguesa” tem de fazer recurso a provérbios e imagens que compensem a estrutura mais rígida da sua língua.
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