“Estava-se no ano de 622. (...) Yathrib ficou conhecida como Medina al-Nabi, a Cidade do Profeta, e, mais tarde, por contracção, apenas como Medina, «a cidade». Desde a sua chegada, Maomé assumiu um papel diferente. Além das profecias, foi forçado a administrar. O pregador desprezado passou a um político magistral; o profeta transformou-se em homem de estado”. (O Islamismo, pg. 32, by Huston Smith, Edições Expresso).
A rápida leitura desta pequena obra sobre o Islamismo causou-me duas surpresas emocinantes.
1) No espaço de um século, os árabes estão na Península Ibérica, espalhando a sua cultura e governação, através da invasão de Tarique no ano de 711. Uma cultura, alicerçada na ciência, em que apesar do combate aos infiéis, o autor reproduz «um lado mais feliz. Houve tempos e locais em que cristãos, muçulmanos e judeus viveram juntos, em harmonia: ocorre-nos de imediato a Espanha muçulmana». O papel dos judeus na cobrança de impostos foi evidente, historicamente, mas esta convivência deveu-se ao reduzido número de árabes na Península, que foram, de certo modo, obrigados a esta saudável coabitação.
2) Religiosamente, o Islamismo parece preencher duas vertentes que escaparam ao cristianismo e ao judaísmo. Se, o judaísmo rejeita Jesus Cristo como Messias, é porque ele não corresponde ao autêntico “Libertador” de Israel. Falta-lhe a faceta de homem político.
Duzentos anos, antes de Cristo, a exegese católica, acentua duas correntes espirituais dentro do Povo de Israel. Uma tendência mais espiritual e outra tendência mais material. A tendência mais espiritual corresponde ao desenvolvimento do Cristianismo. Todavia, a expansão do cristianismo relegou para último plano o aspecto material, que não corresponde aos planos de São Paulo na inter-ajuda das suas comunidades.
3) Maomé surge como o último Profeta que busca as suas raízes em Abraão. E tal como Abraão espera pela terra prometida, Maomé incarna este ideal conjugando o plano espiritual e plano material. Para além de toda a hermenêutica religiosa, em 711 estar na Península Ibérica é espantoso.
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