Os meios produtivos da indústria agrícola fornecem uma
série de benefícios para a emancipação humana. A chamada “economia de
subsistência”, sem troca de produtos, não se compadece com as lógicas da grande
produção, da criação de “stocks” de bens alimentares, e com a sua
comercialização.
Se, em certas classes sociais,
nos USA se gasta somente 4% do seu orçamento em necessidades básicas de
alimentação, em certos países africanos, a sua média situa-se entre 40% a 50%.,
excluindo aqueles que vivem com um ou dois dólares por dia, ou seja, em extrema
pobreza.
Os países do Sul de África,
sobretudo Angola e Moçambique, reúnem condições necessárias e suficientes para
se afastarem destes patamares, ou seja, para se colarem bem longe dos 73% da
Nigéria.
Ainda que em Portugal a sua média
de consumo de bens básicos se situe na ordem dos 16%, infelizmente atinge os
patamares da quinta parte dos USA da população mais pobre deste país.
A nova condição de muitos
chineses que alcançaram a civilização urbana coloca-os nos 50% de poupança,
graças à libertação do mundo rural.
Hoje, as técnicas agrícolas
sobrepõem-se às simples dádivas da natureza, mas se ela ajudar ainda melhor, de
forma que a racionalização dos seus meios produtivos seja um imperativo em
direcção à libertação humana. Esta luta baseada unicamente na sobrevivência faz
lembrar a escravidão, que se opõe à situação do “homem livre”, pertencente à dita civilização do ócio.
Certos países africanos carecem
do domínio de tecnologias elementares que lhes permitam algum êxito na luta
contra a pobreza, mas o envolvimento comunitário e empresarial em direcção à
comercialização são factores que determinam a sua libertação.
Como leitores diários do “Jornal
de Angola” ficámos estupefactos com um produção leiteira de 5% das suas necessidades,
quando para lá de Luanda se estende um manancial de reserva agrícola, que fazia
o orgulho de antigos agricultores na criação de gado, apesar dos seus dez anos
de paz.
A afluência de um enorme
contingente de pessoas a Luanda requer uma planificação social e humana, que
certamente somente com alguns incentivos e benefícios sociais logrará algum
êxito. A sedução das cidades nem sempre garante uma qualidade de vida, que
permanece como ilusão nas ambições de muita gente.
Todavia, as metas de emancipação nos países do Sul de África deveria
tornar-se num estímulo e realização que projectasse o sonho de outros africanos,
que reúnem poucos recursos na produção e consumo dos bens alimentares
essenciais.
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