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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Angola - Para lá do Petróleo


Os meios produtivos da indústria agrícola fornecem uma série de benefícios para a emancipação humana. A chamada “economia de subsistência”, sem troca de produtos, não se compadece com as lógicas da grande produção, da criação de “stocks” de bens alimentares, e com a sua comercialização.
Se, em certas classes sociais, nos USA se gasta somente 4% do seu orçamento em necessidades básicas de alimentação, em certos países africanos, a sua média situa-se entre 40% a 50%., excluindo aqueles que vivem com um ou dois dólares por dia, ou seja, em extrema pobreza.
Os países do Sul de África, sobretudo Angola e Moçambique, reúnem condições necessárias e suficientes para se afastarem destes patamares, ou seja, para se colarem bem longe dos 73% da Nigéria.
Ainda que em Portugal a sua média de consumo de bens básicos se situe na ordem dos 16%, infelizmente atinge os patamares da quinta parte dos USA da população mais pobre deste país.
A nova condição de muitos chineses que alcançaram a civilização urbana coloca-os nos 50% de poupança, graças à libertação do mundo rural.
Hoje, as técnicas agrícolas sobrepõem-se às simples dádivas da natureza, mas se ela ajudar ainda melhor, de forma que a racionalização dos seus meios produtivos seja um imperativo em direcção à libertação humana. Esta luta baseada unicamente na sobrevivência faz lembrar a escravidão, que se opõe à situação do “homem livre”, pertencente à dita civilização do ócio.
Certos países africanos carecem do domínio de tecnologias elementares que lhes permitam algum êxito na luta contra a pobreza, mas o envolvimento comunitário e empresarial em direcção à comercialização são factores que determinam a sua libertação.
Como leitores diários do “Jornal de Angola” ficámos estupefactos com um produção leiteira de 5% das suas necessidades, quando para lá de Luanda se estende um manancial de reserva agrícola, que fazia o orgulho de antigos agricultores na criação de gado, apesar dos seus dez anos de paz.
A afluência de um enorme contingente de pessoas a Luanda requer uma planificação social e humana, que certamente somente com alguns incentivos e benefícios sociais logrará algum êxito. A sedução das cidades nem sempre garante uma qualidade de vida, que permanece como ilusão nas ambições de muita gente.
Todavia, as metas de emancipação nos países do Sul de África deveria tornar-se num estímulo e realização que projectasse o sonho de outros africanos, que reúnem poucos recursos na produção e consumo dos bens alimentares essenciais.

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