Apesar do Parlamento Português votar massivamente contra o ataque dos USA à Líbia, a cotação de Mister Kadafi no País, é demasiado fraca, para não dizer péssima, na chamada élite intelectual, navegando, sociologicamente, na técnica do petróleo, na camada popular.
Além disso, existem audazes “rangers” que aguçam apetites demasiados idílicos para tão digna “raposa do deserto”!...
Tudo isto, vem a propósito da III Cimeira Africana em Trípoli.
Os meios de informação, tanto jornalísticos como televisivos, passaram como raposa por vinha vindimada, ainda que anteriormente Portugal tivesse organizado tal cimeira.
É, sobretudo, um aspecto folclórico para esquecer, já que mais dos 50% dos seus objectivos não foram conseguidos.
Além disso, continuámos na marginalidade de país periférico neste diálogo de Europa/África, excepção feita aos países lusófonos, embora com uma subtil capitalização diplomática.
Portanto, o contexto geral e histórico não favorece muito “lançar lanças” no Norte de África, desde o desastre de Álcáçer Quibir.
Parece uma nostalgia digna de um certo “Sebastionismo” de má memória, embora alguns magros resultados redobrem este misticismo.
Por outro lado, as frequentes visitas de um altivo Sócrates, parecem relembrar a uma certa clique os desejos de um “kaiser quiconque”.
“Deixemos a política e vamos à economia”, dizia Kadhafi, relembrando as palavras de Ronald Reagan “se tens muito dinheiro dá-o aos pobres”. Ora, eis que tal líder ou “guru” exige 5 mil milhões de euros para ser o “polícia” do Norte de África.
É natural que os europeus quiseram mandar o homem às urtigas, por tal exigência, apesar das contínuas e teimosas ameaças do antigo colonialista italiano.
Será que “a voz do deserto” ainda atinge qualquer laivo de messianismo, trocando o “deus dos hebreus” pelo “anátema de Alá!.”
Mas, apesar de todo o fervor de certo líder português neste abençoado “guru”, a sua visita à III Cimeira Africana resultou mais numa espécie de “bisca lambida”.
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