La Belle et L'Europe
A Europa, sem a França, nem em sonhos, nem na realidade, não é Europa.
O famoso hexágono encontra-se centralmente colocado em relação aos países periféricos, fisicamente ancorado, para irradiar toda a sua pujança ideológica.
“Potência média”, de poderio nuclear é capaz de deflagrar toda sua vizinhança, com objectivos que transcendem qualquer veleidade de intromissão interna.
Elegante na forma e no conteúdo, habilmente saiu da NATO, para desenvolver os seus ambiciosos projectos militares, sem dependências de potências exteriores.
Herdeira de pergaminhos humanitários ressente-se de qualquer ousadia que ponha em causa os seus ideais, que iluminaram a cegueira de vizinhos tacanhos.
Alicerçada democraticamente numa percentagem de 60% de apoio popular, qualquer intromissão demagógica nos seus interesses políticos nacionais é digna de salutar repulsa e austera indignação..
Eis que surge um dedo indicador, nervoso na sua apresentação, mas destemido na sua refutação contra os idealistas europeus que não reconhecem o pragmatismo cartesiano.
Normalmente os franceses são civilizados e educados. Todavia é vê-los quando a sua viatura sofre qualquer dano acidental!....Explodem com uma verborreia torrencial!...
Mas aquilo que parece incomodar mais o hexágono é que surja uma comissão, apoiada num plebiscito parlamentar, que ouse colocar-se por cima desta potência média.
A Europa sem a França não é nada.
Nada passa na Europa sem a França.
Portanto, quando não consegues vencer o inimigo, junta-te a ele.
A Europa tem de caminhar de braço dado com a França. O casamento pode ser de fachada, mas é assim que ele tem de se apresentar ao mundo.
A noiva é rica e poderosa.
O noivo tem de seduzir a sua amante, porque sem a França não temos Europa.
Temos de admitir os seus pecadilhos
e perdoar aos seus cadilhos!....
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P.S.“Se a França ou qualquer um dos doze não queria que circulassem pela Europa, não aceitavam a adesão. A partir de agora, qualquer país europeu tem pretextos para expulsar ou barrar nas fronteiras cidadãos comunitários”
---Carlos Soares Miguel, “Jornal Expresso” 18-09-10.
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