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sábado, 20 de junho de 2020

EUROPOLITIQUE: "A VOZ DE PRATA" que do Minho a Roma se dirigia...





Em terras lusas, dois estros da oratória refulgem como lídimos cavaleiros destas andanças, a quem a oratória engrandeceu para encantamento dos seus auditórios. O ethos, o pathos e o logos reúnem-se no orador para que  se configure a sua credibilidade, se imponha o seu discurso, se arraste a multidão, como plebe dominada pelo seu senhor .


Por terras brasileiras, o Padre António Vieira, com os seus “Sermões” deixou-se florir em longas explanações na língua de Camões; e, por terras portuguesas e italianas, São António de Pádua ou Lisboa, com as suas “pregações” deslumbrou os seus auditórios. Ainda que o “sermão aos peixes” do Santo de Lisboa se tornou numa parábola portuguesa, digna da ingratidão lusa.

Por terras das novelas do Minho e do próprio Camilo, reluziu, no final do século, outro estro escondido da oratória portuguesa. Do alto da colina, que mais alta se tornava com o sopé do seu espigueiro, pedindo aos deuses e a  Roma a sua bênção, ecoava, este grito estridente, como introito digno dos antigos senadores:

«SENATORI ROMANI…Senatori romani…» o eco ribombava: “senatori romani”…

Com este grito estridente, não era a capital eterna que aos romanos se exigia. Nem era o chamamento para qualquer legião romana adormecida. Era a certeza que um tribuno despontava com a sua toga para eco dos patrícios, a quem a oratória não os tinha bafejado. Se Demóstenes se treinava na praia com seixos na boca, já que de “boca de oiro” se tratava, “a voz de prata”, que de Roma se reclamava, erguia-se maviosa e cantante:

“Senatori romani”. "Senatori romani"

"Tirem-me, daquele poleiro, essa ave cantante" - gemia aquela alma inocente que dos vizinhos tinha dó.

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