A revolta interior
pode virar-se contra nós, com a sua energia maléfica de tal modo que nos odiámos
a nós próprios. Não vamos entrar pelos campos da psicologia, dessa energia negativa
sobre nós próprios – masoquismo, ou, nessa força violenta sobre os outros - sadismo.
Por que
motivo, eu fiz isto ou aquilo? Por que tomei esta ou aquela atitude? Eu, não
desejava nem queria fazer isso. Aquilo é precisamente o que eu, não quero ser.
Estas considerações e comiserações levantam-se, por vezes, dentro da nossa autoconsciência.
Duplica-se em nós, esta forma de análise que nos revela um “anti-eu”, ou, “antiego”
que nos incomoda interiormente, e, nós detestamos. Sentimos repulsa, ódio, nojo, vergonha,
comiseração por sentimentos que se nos revelaram de forma tão negativa para a
nossa perceção individual.
«Se
encontrar o seu anti-eu, não lhe aperte a mão» (1)
Não lhe aperte
a mão por que é capaz de estoirar “num clarão de luz”. Não será fácil encontrar,
em parte ou na sua totalidade, o seu antiego, ou, o seu anti-ego. E, se o
encontrasse, desapareceria “num grande clarão de luz”. «Toda a
partícula tem uma antipartícula, com a qual pode aniquilar-se». «Pode haver
anti-mundos e anti-pessoas feito de antipartículas». (2)
Ora, se a natureza
tem antipartículas, como forma de movimento, de rotação e de vida; a energia
necessária para a sua pessoa processa-se nesta negatividade que o torna mais
responsável para consigo mesmo. Por isso, não quero apertar o pescoço ao meu
anti-ego, ou, ao meu anti-eu, porque ainda tenho oito minutos de luz
desde que a vela do Sol se extinga.
(1) e (2) HAWKING,
Stephen – Breve História do Tempo, pg. 85, Edições Gradiva, Lx.2011.
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