Sisnando ” mais militar que
bispo” estava em “retiro religioso”, segundo fontes galegas, quando as forças
de viking Gunderedo desembarcaram em “Vacariae”, corria o ano de 968.
A rivalidade entre Sisnando
e Rosendo não seria alheia a Gunderedo, já que os vikings eram exímios em
colher informações. Hábil diplomata, com escola no Reino dos Francos, devia
ansiar pela hora de pôr à prova os “dotes guerreiros” de Sisnando, que forçosamente
tinha posto de lado em questões régias e políticas, o seu rival religioso - Rosendo.
Este “mais bispo que militar” dedicou-se à vida religiosa e à construção de um
mosteiro, sem deixar um lema: “quem com o ferro fere, com a espada morre”. Nada
crente em maldições, a coragem de Sisnando nunca esmoreceu com tal agoiro, por
isso, não hesitou em enfrentar Gunderedo.
Por isso, subitamente, dentro
do “espírito guerreiro” de Sisnando, desencadeia-se a fúria e o desejo de lutar
contra esses “adoradores de fogo”, como diziam os seus inimigos árabes, ousando
fazer-lhes frente antes das paliçadas de Compostela, ou seja, em Fornelos. Por
terra e por mar, as forças adversas impuseram-se ao “bispo militar”, não lhe
poupando a vida.
O local de desembarque destas
forças guerreiras é assinalado, por alguns autores, como Vacariae. Ora, não só
o momento de chegada dos normandos se confunde com este local, como também a
região de instalação e estadia destas forças guerreiras se estabelece no mesmo
sítio. Parece que se desconhece que parte destas forças já tinham deambulado
até Silves, que perderam vários barcos, e, que já tinha conhecimento suficiente
dos objetivos que pretendiam alcançar. Portanto, algo contraditório, na
estratégia dos vikings, extremamente hábeis em questões de informação,
auscultação e possível diálogo com outras forças. Por outro lado, certos
autores, presumem que esse local seria, onde hoje estão as Torres de Oeste, em
Catoira.
Ao contrário, a nossa tese defende
que o lugar da Mota, junto a estuário de um rio, pleno de “árvores da mata”,
como carvalho e castanheiro, local rochoso e altaneiro, constitui o sítio ideal
para a instalação e permanência viking. Se existiu um “castelo da mota”, ou, uma
“paliçada de estacas”, nada o confirma. Todavia, não se recorda ninguém que não
tenha deixado uma “pegada”, marca ou sinal, ou seja, um distintivo para ser
recordado. Estas marcas são fornecidas não só pelos “homens azuis”, ou seja, os
árabes, (na terminologia dos normandos), supostos “adoradores do fogo”, como
também pelo “testemunho oral ou escrito” dos seus descendentes locais. Além
disso, antes do terrível ataque a Compostela existe uma planificação que durou
dois anos de preparação. E, se a chegada de Gunderedo acontece na Primavera de
966, somente em 968 se desenrola este ataque. Aliás, um ataque estratégico, “por
terra e por mar”, que não era um simples assalto, mas a tentativa de domínio e
controlo da cidade de Compostela. E, de tal forma foi o seu engenho que a
permanência de Gunderedo na Galiza se “agoirava” como fosse uma nova Normandia,
quando já eram passados dois anos.
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