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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

EUROCENTRISMO: A palavra, a escrita e o discurso (crítica)

«Um Deus que se quer único escreve ou manda que se escreva. A palavra de Deus passou a estar no livro». "O Universo num grão de areia", Mia Couto, pg. 186.


 “A palavra mata, o espírito vivifica” – esta alusão profética vem demonstrar que o Grande Mestre J. C. não escreveu, mas ensinou. Tal, como o grande filósofo Sócrates, que não imprimiu nenhum livro, no seu ofício de parteira, exerceu a função de procurar a verdade, talvez, através do conceito e da palavra. Sendo a Bíblia, o livro mais vendido do mundo, não quer dizer que a palavra do único Deus se deva unicamente à escrita. A escrita é um complemento da palavra que ecoa no coração do homem crente. Crente e na fé de um espírito atuante que imprime uma força que a palavra inscreve através do seu contato. O livro é uma inspiração para o sopro que desperta através da palavra, e essa palavra poderá ser escrita. A palavra, no sentido hebraico, tem o poder de criar algo em nós. Ela não é termo ou conceito, ela é metáfora, imagem, referência, ou seja, elemento criativo e criação de um momento de ligação com o seu representante. (Um representante, cujo nome não se pode mencionar). Porque esta palavra inicial está ligada à vida. A desnaturalização da palavra acontece no mundo grego, na conceção dualista de Platão. Nos primórdios da civilização grega, a palavra é força que domina e arrasta os seus súbditos, os seus homens, deuses e bacantes. Todavia o conceito é o elemento que une e separa ao mesmo tempo. Ex: “Eu sou italiano” – separo-me dos outros homens e animais, mas faço parte deste grupo de cidadãos, tendo os seus direitos e deveres.

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