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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

EUROPOLITIQUE: "A mInha fortaleza" segundo Miguel Sousa Tavares : "Não se encontra o que se procura"

Por mais irónico que seja, na minha inocência,  a frase: “escrevemos porque estava ali um livro à nossa espera, para ser escalado e conquistado”, faz-me lembrar uma lembrança juvenil de: “Qui pourra gravir la montaigne du Seigneur?”

 Esta introdução remete-me para Sören Kierkegaard que dizia, citando-o de memória, que “escrevo para a eternidade, ou, para ser eterno”. Este autor,  fundador do existencialismo, que dizia também que “não devia passar um dia sem escrever” insere-se neste forte, neste baluarte que  Miguel Sousa Tavares chama de “minha fortaleza “, no seu livro:“Não se encontra o que se procura”.  Mas, a escrita é para este autor a resposta ao seu psicanalista, que afirmava:“Você tem uma grande defesa contra o mundo e contra tudo: escreve. E escrever é como construir uma fortaleza contra os ataques de fora”. (Obra cit., pg.121)


Escrever regularmente pode ser uma ferramenta de grande préstimo à auto-observação, como um ato de processamento emocional de libertação interna e externa. Por isso, a citada afirmação de Rosa Montero, escritora espanhola: “escrevemos sempre contra a morte” corresponde à frase que sustinha Kierkegaard: "escrevo porque quero ser eterno”. 

Este prolongamento da vida faz-me recordar Sofia Mello Breyner quando me dedicava a este autor dinamarquês. Melhor dito, por ele descobri a grande poetisa do azul algarvio.

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