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terça-feira, 21 de maio de 2019

EUROPOLITIQUE: A claridade opaca de um "doente institucional".

Acordo com uma imagem que me persegue durante a manhã inteira sem sequer conseguir desligar-me da sua infância.

Parece que ela despertou como sinal de qualquer coisa indesejável, mas de forma presente e atuante; como um longo pecado oculto de qualquer furtiva ação, desferida numa manhã inocente, envolta numa mancha de nódoa sobre uma toalha límpida e reluzente.

Desativada do meu cérebro durante anos, senão é sono é chama viva, cuja reminiscência aflora com novos dados e desconhecidos, que escondem qualquer mensagem oculta, não decifrada no tempo da sua existência.

E, toda esta situação díspar e absurda acontece com toda a sua doçura, em plena alva da madrugada, em que o sol desperta na suave e límpida aurora. A tonalidade da sua luz é de um branco alvo e reluzente, plastificado e brilhante, algo parado, que no seu movimento reaparece e destoa da sua normalidade.

O quarto de um “doente institucional e dependente” refresca a tonalidade da luz do raio da manhã dizendo que a vida se abre perante o seu horizonte, como um vazio a preencher suavemente com a candura da luz que dura e perdura na sua intermitência.

A luz do quarto do “doente institucional”, cuja condenação emerge do trato e contrato com a vida, ilumina-se noutra esfera de brancura, cuja alvura não é alva, mas é pura, de um destino que perdura, enquanto a cor de um nada estético se confronta na sua simples e bela doçura.  


A telúrica e vítrea imagem refulge na sua plasticidade, inocência crua e nua, em que o único matiz alvo da sua cor é a esperança na cura da dor, que se move incolor.

Com efeito, o cérebro um viciado na criação de mapas o que o leva a mapear o seu próprio funcionamento –e, de certa forma, falar consigo próprio. António Damásio, "O Livro da Consciência",  (pag. 236).


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