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quinta-feira, 23 de maio de 2019

EUROPOLITIQUE: Caminha-se caminhando na Vila de Caminha

A linha demarcava o espaço na floresta ou savana, que não sendo africana, era alentejana, cuja alvura não era alva, cuja cor não era brancura, mas era pura.

A imagem do sentimento não era quadro de pintor famoso que demarcasse a preto e branco a rotura entre a vida e a morte. A descolorida cor, sem preto nem branco, somente como margem fixa de um rio que avança, onde a foz é onda da bonança.

Era mais uma linha de sina e sorte que separava a vida da morte.

Este espaço aberto, branco e tranquilo, que ao longe era percorrido por lancinantes viaturas que cortavam os arbustos e que se levantavam do seu silêncio, emergia sem palavras de encontro à natureza. A quietude do espaço é o lugar do seu silêncio, se o acordo nasce entre o corpo e a natureza.

Distante dessa natureza normal que circunda o homem. Essa natureza barulhenta e pestilenta, cheirosa e ensurdecedora que rodopia sempre na sua frente, sem a qual este ser parece ausente, dizendo-se são e não doente.

Quando se sente nas veias a margem de um rio que corre ao nosso redor, não temos medo, não temos dor, somente temos gotas de suor.


Este húmido suor quente, leve e transparente, que nos deixa a pairar levemente, a voar no ar, como ave sem destino à espera do momento de saltar da vítrea natureza para o mundo da cor e da beleza.

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