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«Onde estás Artemisa
Leandro, Patego e tu
Corpo intacto, intacto e nu
Correndo na praia lisa?
Nada haverá que me açoite
Meu amor! Meu inimigo
E aceito das mãos da noite
A memória por castigo»
Não sei se era Artemisa,
nem sei se era “Arte - Musa”
porque um fauno perdido no meio das suas bacantes
se não é deus grego, não é deus nenhum
(já que “poeta do povo” surgias só, tu).
A Artemisa do Penedo
era bailarina e dançarina da “Gota” de Gondarém
e, do quarteto de cuja voz rouca e longa se prolongava no teu verbo.
Não esqueces o Leandro, nem o Ilídio – o Patego
que, da igreja, sete vezes anunciou casamento
e à sétima descansou da dança e do passo, onde por ti andou.
Zurzia-lhe a "vox populi, vox Dei":
"Patego, olhão o balão!...".
O concertista Benigno, de seu nome benquisto,
a “bondade” não lhe faltou,
mas a Cândiada do Guilhadas, se amor proibido era
o tormento da memória te castigou.
- “Corpo intacto, intacto e nu
Correndo na praia lisa?
Nem as bacantes de Dionísios,
nem de Picasso, as “demoiselles d’Avignon”
te disseram - ò poeta – não.
Não percebo o teu castigo,
Nem a mistura de mendigo!...
No meio do povo, no meio da dança,
no meio da música da concertina.
No meio da “gota”, no meio da alegria/sofrimento
Eis o teu calvário.
História pequena, singela e simples
Saga de um povo, saga de um povoado
Se a música não chega, fica o fado.
Por causa de ti, poeta malvado!...
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Por quem?
"Vim morrer a Gondarém..."
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