Calcula-se que 20% do território português seja do Estado, onde pontifica a floresta.
A separação entre o mundo urbano e o mundo rural é uma contradição do sistema interno português.
A perspectiva estrangeira, a nível do fabrico da pasta de papel, tece elogios à qualidade deste produto. Ou seja, aquilo que é uma riqueza na perspectiva dc outros, é vista, pelos portugueses como uma pobreza.
Quando atravessei a zona de Lisboa até Aveiro, o meu receio era a extinção da massa verde que bordejava a auto-estrada.
Gosto de eucaliptos, gosto de pinheiros, gosto do verde que cobre o território português.
Mas, esta riqueza verdejante, que pulula naturalmente, carece de ser afagada e protegida com carinho, com esmero, e, com trabalho, quer pelos municípios que recebem a suas rendas, quer pelos proprietários que tiram dela os seus lucros, quer pelo omnipotente Estado, que desconhecendo os seus reais 20% de território de floresta ou outros, se deixa enredar nas teias dos vários interesses implantados e se torna impotente em relaçãoe aos fenómenos da natureza.
Antigamente, o pastoreio, o mato, carqueija, e, a madeira era a riqueza e sustento dos lavradores.
A mudança de paradima impõ-se.
Hoje, são as máquinas, o plantio, a recta ordenação do território com a variedade legítima de espécies que deve ordenar a floresta.
A racionalidade tem de imperar contra a espontaneidade.
A natureza espontânea deve conciliar-se com a industrialização, com o aproveitamento integrado das várias espécies que o território feliz e abundamente permite obter.
Se, aos olhos dos estrangeiros, a floresta portuguesa é uma riqueza, relançá-la na pobreza é desconhecer as suas potencialidades; e, fazer daquilo que parece pobre uma parte da economia que se pode tornar rica.
"Rica é a floresta portuguesa", pelo menos, aos olhos de jornalistas franceses, (há mais de 40 anos).
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