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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

EUROPOLITIQUE: Sete gerações contra o "atraso português"

Sete gerações (x30 anos) navegam naquilo que se chama o “atraso português”, em relação aos países do Norte da Europa, embora os progressos educacionais sejam melhores que os económicos. Também a nível da saúde e da protecção social sejam dignos de registo na sua evolução alguns progressos, ainda que com algumas deficiências na segurança social e na velhice, que se reflectem nas reformas dos idosos.
Há quem situe esta luta contra o “atraso português” num falhanço de certas elites, que marcaram a Monarquia Constitucional (com o dealbar de ideais progressistas), com a I República (cujos avanços caíram num retrocesso social e educacional), pelo Estado Novo (cujo desenvolvimento económico caiu na estagnação social), pelos anseios e voos de uma jovem democracia que despontou depois do 25 de Abril de 1974, mas cujos sonhos ficaram além do desejado.
Se, o prognóstico de Max Weber apresenta o protestantismo como sinónimo do desenvolvimento capitalista, a religião católica influenciou e transmitiu uma certa resignação e aversão ao lucro, cujo medo e temor se expressa mais pelo receio de enfrentar mudanças na realidade social, implicando novas pastorais, dada a sua carência congénita de um “aggiornamento”, cujo paradigma religioso se revela em terras brasileiras.
A estrutura económica e social de um pequeno País, cuja economia estava centrada e focada na sua relação com o Ultramar Português, antes do 25 de Abril de 74, deixou à deriva a sua actividade e expansão. Encolheu-se, minguou-se e quase se desvaneceu lentamente, deixando que os fundos europeus corrigissem a sua trajectória.
A pobreza de recursos naturais, aliada à carência de uma certa estrutura mental desenvolvida, não permitiu o desenvolvimento das escassas potencialidades agrícolas, que hoje começam a despontar, num equilíbrio de importações com exportações.
A situação da periferia geográfica, onde o comércio mundial navega com 80% das suas mercadorias, não criou os laços e suportes do desenvolvimento mercantil, ainda que comece, timidamente, a desenvolver-se por causa da globalização. Aliás, parece que, historicamente, os portugueses nunca foram hábeis comerciantes, cujo lucro resulta do valor acrescentado ou das próprias transacções. De certo modo, uma economia avançada passa pelo desenvolvimento do comércio e pelas transacções ou troca de mercadorias. Atrair matérias primas, desenvolvê-las e vendê-las, através de entrepostos e portos nas suas rotas marítimas, são factores carentes.
A Europa que caminha a duas velocidades de um centro para uma periferia, em que uma Alemanha exibe um superávit e o Sul debate-se com um déficit, implica que estes últimos países se preocupem mais com os cidadãos, já que os termos médios serão difíceis de atingir, e, que os atrasos sejam paulatinamente ultrapassados.

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