No dia de hoje, o “Jornal de Notícias” publica uma entrevista a Frei Bento.
As tímidas estruturas religiosas sempre se refugiaram numa
paupérrima vergonha de enfrentar os problemas sociais do País, já que a
“doutrina social da Igreja” , após o 25 de Abril, se sentia ultrapassada pelas
correntes mais progressistas e revolucionárias da época.
Mas, esta “igreja subterrânea" (underground church)
paulatinamente desafiou as “estruturas políticas vigentes”, não por actos
revolucionários ou selvagens, mas sob uma camuflada acção, que através de
camuflados panfletos surgiam debaixo dos portões das academias militares. É
evidente, que Frei Bento não menciona estes factos, nem o célebre congresso de
juventude católica, junto do cardeal patriarca de Lisboa, exigindo o fim da
guerra do Ultramar.
Se, a “doutrina social da Igreja”
foi vítima de si mesma, isso deve-se mais
à falta de ousadia e impulso dos seus ideais, que deviam ter despertado nas
consciências católicas, não deixando, somente, ao campo meramente político e partidário, a sua acção.
Esta lacuna ainda se ressente na
presente “sociedade civil”, que incapaz de encontrar um certo caminho humanista,
deambula por actos de altruísmo, caridade e “deixa andar” que não favorecem uma
dinâmica social e humana.
É que por debaixo desta “igreja
subterrânea" (underground church) existiam agentes que davam o “corpo ao manifesto”, arriscavam a
“sua pele”, ou, eram vítimas de “perseguição e ostracismo”.
Mas, a voz de Frei Bento, com os
seus 84 anos de idade, continua sempre sonante, até que os seus objectivos
sejam alcançados, como o alvo que urgia atingir no cerne das suas questões.
Bem haja, Frei Bento.
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