Angola, como a maioria dos países do Sudoeste Africano,
debate-se com graves problemas a nível dos produtos alimentares. Se a maioria
destes países, fazendo excepção da África do Sul, excede em 30% a sua importação
destes produtos em relação à sua exportação, no caso angolano, a fasquia é muita
mais elevada. Luanda, com os seus 6 milhões de habitantes, é o paradigma das expectativas de muitos
africanos cuja tendência citadina tende para que, no ano de 2030, metade dos
africanos vivam em zonas urbanas.
O combate à pobreza surge como um lema das autoridades
angolanas. Todavia, os pequenos passos dados na produção agrícola permanecem
numa economia de subsistência de difícil resolução, cujas etapas tem de serem superadas.
A micro agricultura carece de uma inserção nos circuitos da produção e
comercialização, embora surjam alguns pequenos agricultores com alguma
formação.
Por outro lado, começam a surgir alguns empreendimentos, a
nível agrícola, que se situam na indústria agro-alimentar. Claro que estas
indústrias debatem-se com a construção de todos os processos que englobam a
produção, transformação e comercialização. Ou seja, é necessário garantir todas
as fases da cadeia de um produto, além dos custos inerentes ao contexto
africano, na ordem dos 20%. Acresce-se, ainda, a distribuição de terras, as autoridades tradicionais, os costumes locais. Além que as empresas tenham de avaliar as suas
forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (swot). Como exemplo ilustrativo, a
“criação de um frango” em Moçambique ficava mais caro que uma ave importada do
Brasil.
No caso típico de Angola, surgem alguns comentários dignos
de registo: “os chineses fazem mal feito, os brasileiros ajudam a implementar
coisas interessantes. Há também angolanos a fazer coisas muito bem feitas, com
generais a investir na agricultura. No caso dos portugueses, ainda não há
muitos exemplos, mas os que há são bons e de grandes dimensões”. (Garcia de
Matos: “jornal Expresso”). Esta perspectiva de opinião até pode contrastar com
aquele agricultor aventureiro português, que munido de alfaias e casa em
madeira, rumou até Angola. As autoridades angolanas têm desenvolvido vários esforços de intercâmbio que ultrapassam as quatro nacionalidades mencionadas.Os estereótipos valem o que valem, mas na agro-
indústria, aliás um grande comércio a nível mundial dominado por grandes
empresas que ditam as suas regras, começam a surgir exemplos e empresas com
dimensão para colmatarem algumas necessidades angolanas e começarem a exportar.
O desafio angolano situa-se na conciliação entre a possível inserção dos
pequenos agricultores, no proclamado refrão do “combate à pobreza”, com a emergência
de uma grande indústria alimentar,
que pouco a pouco, começa a despontar no solo angolano.
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