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domingo, 21 de setembro de 2014

EUROPOLITIQUE: Os desafios da agricultura angolana

Angola, como a maioria dos países do Sudoeste Africano, debate-se com graves problemas a nível dos produtos alimentares. Se a maioria destes países, fazendo excepção da África do Sul, excede em 30% a sua importação destes produtos em relação à sua exportação, no caso angolano, a fasquia é muita mais elevada. Luanda, com os seus 6 milhões de habitantes,  é o paradigma das expectativas de muitos africanos cuja tendência citadina tende para que, no ano de 2030, metade dos africanos vivam em zonas urbanas.
O combate à pobreza surge como um lema das autoridades angolanas. Todavia, os pequenos passos dados na produção agrícola permanecem numa economia de subsistência de difícil resolução, cujas etapas tem de serem superadas. A micro agricultura carece de uma inserção nos circuitos da produção e comercialização, embora surjam alguns pequenos agricultores com alguma formação.
Por outro lado, começam a surgir alguns empreendimentos, a nível agrícola, que se situam na indústria agro-alimentar. Claro que estas indústrias debatem-se com a construção de todos os processos que englobam a produção, transformação e comercialização. Ou seja, é necessário garantir todas as fases da cadeia de um produto, além dos custos inerentes ao contexto africano, na ordem dos 20%. Acresce-se, ainda, a distribuição de terras, as autoridades tradicionais, os costumes locais. Além que as empresas tenham de avaliar as suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (swot). Como exemplo ilustrativo, a “criação de um frango” em Moçambique ficava mais caro que uma ave importada do Brasil.
No caso típico de Angola, surgem alguns comentários dignos de registo: “os chineses fazem mal feito, os brasileiros ajudam a implementar coisas interessantes. Há também angolanos a fazer coisas muito bem feitas, com generais a investir na agricultura. No caso dos portugueses, ainda não há muitos exemplos, mas os que há são bons e de grandes dimensões”. (Garcia de Matos: “jornal Expresso”). Esta perspectiva de opinião até pode contrastar com aquele agricultor aventureiro português, que munido de alfaias e casa em madeira, rumou até Angola. As autoridades angolanas têm desenvolvido vários esforços de intercâmbio que ultrapassam as quatro nacionalidades mencionadas.Os estereótipos valem o que valem, mas na agro- indústria, aliás um grande comércio a nível mundial dominado por grandes empresas que ditam as suas regras, começam a surgir exemplos e empresas com dimensão para colmatarem algumas necessidades angolanas e começarem a exportar.
O desafio angolano situa-se na conciliação entre a possível inserção dos pequenos agricultores, no proclamado refrão do “combate à pobreza”, com a emergência de uma  grande indústria alimentar, que pouco a pouco, começa a despontar no solo angolano.

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