Quantos se enamoraram com a melodia de “a ti querida presença, comandante...”, que tocada nas ruas de Cuba, bem longe estava dos frémitos de antanho e dos ideais de muita juventude, repleta de idealismo. Como, também observar a longa fila de ávidos turistas para Havana, bem longe está da capacidade financeira de muitos portugueses, neste momento.
O cepticismo e a desolação desencontrava-se com a ilusão e o idealismo que mentalmente se reconstruiu na prefiguração de uma nação, de um povo ou de um líder. O bolor e o musgo da decadência retirava o brilho e a refulgência de um dourado inebriado em sonhos de utopia. Qualquer vaga tempestade tinha esvaziado a paisagem de uma terra prometida, que de “leite e mel” exibia restos de sombras e escombros. Esconjurada visão de um utópico idealista, cujo labor se esvaziou da sua plenitude. Por isso, ressurgia a melodia: “a ti, querida presença...”, ou melhor dito, “ausência”. Ausência dos teus ideais por cumprir, por levar, por concretizar!...
As cálidas águas de Cuba esmorecem nas frias relações com o seu vizinho de Miami. Todavia a mais recente pesquisa, elaborada pela “Atlantic Council”, reflecte uma mudança de atitude de muitos americanos. Talvez ainda insuficiente para selar efectivamente os cumprimentos diplomáticos entre Raúl de Castro e Obama, lá nos confins da África. Ainda que a maioria dos norte-americanos seja a favor da normalização das relações políticas com Cuba, conforme o jornal “The New York Times”, os passos da diplomacia são lentos neste atravessar de águas que impede a compreensão pelo sofrimento do povo cubano. Graças ao esforço da Venezuela, do beneplácito do Brasil, e à recente abertura da Comunidade Europeia, o isolamento do grito “hasta la muerte” tem subsistido como sinal de uma revolução que mal se encaixa no mundo da globalização.
Ainda que possa ressurgir na canto da lamentação: “a ti, querida ausência...”, mas no fundo permanece com as águas e o mar do Caribe esta linda lembrança: “a ti, querida presença...” comandante.
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