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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

EUROPOLITIQUE: A Menoridade europeia

O Jornal Expresso convidou dois embaixadores para uma visita ao Cabo da Roca, sem visionar 80% do comércio marítimo, mas simplesmente para analisar o “Deep Background” que os caracteriza. A constituição da comunidade europeia, criada pelo Tratado do Eliseu, em 1963, por dois países, França e Alemanha, constitui aquilo que podemos denominar o seu “Deep Background”, o seu “ego nuclear”, em que apesar das suas divergências económicas, diplomáticas e militares tende na procura do consenso e da unicidade. E, apesar da sua interacção nos mais diversos domínios (inclusive linguístico), encontra-se “dominada” infelizmente por uma língua inglesa, mundialmente aceite, e não é, por acaso, que a especificidade política da Inglaterra, por vezes, causa certos incómodos. Ao seu redor, gravita o “Local Background”, mais periférico na sua inscrição, no caso mais específico, com a língua portuguesa e espanhola, para citar a Península Ibérica, e, por acréscimo, "comme d'habitude", o embaixador francês, de origem lusa, garantiu apoio dos empresários gauleses. Esta diversidade linguística, com os seus “mundos operacionais”, constitui apesar da sua divergência, uma riqueza e pluralidade no mundo europeu. A frase lançada por Durão Barroso, particularmente sobre Portugal, e, repetida presentemente e universalmente pelos MNE francês e alemão de que “a Europa não é o problema mas a solução” procura inscrever-se no seu “ego nuclear”, mas reafirmando que não existe “une Europe à la carte”. (talvez, em vez de “menu”, organicamente seria melhor dizer “Quelle Tâche”!...). Invertendo o sentido do enunciado diríamos que “os problemas europeus devem encontrar uma solução, em conjunto”. Por isso, se o problema é económico, a solução seria dada pela economia, e, neste caso, pela economia europeia. Se o problema é o Mali, então o “ego nuclear”, França e Alemanha encontrariam a solução, o que não parece ser evidente, já que a Alemanha não tem nenhuma francofonia, embora tenha outros deveres. Todavia, os problemas europeus não são somente de ordem económica, embora o seu peso seja demasiado pesado no tempo actual. O funcionamento de um “Deep Background” europeu, em que duas potências, uma mais militar, outra mais económica, procuram uma harmonia e consenso político, emergem em supremacia acentuada, legitimamente, com a inscrição de um “Local Background” periférico que não consegue inscrever a sua linguagem e os seus conceitos. Apesar da diversidade das línguas e dos seus conteúdos, a sua tradução lógica tem de conduzir a um “léxico europeu”. Para além da linguagem, como sentido da palavra, a “menoridade europeia”, expressa na existência de um “Local Background”, somente adquire alguma plenitude na afirmação do seu pensamento, se, por acaso tem algumas ambições nesta construção europeia, com 50 anos de existência. [A posteriori].(N.B. Acertámos na data: 22.01.1963). Adenda: David Cameron: o paradoxo inglês (um pé dentro, outro fora), United Kingdom entrou há 40 anos na U.E., em 1 de Janeiro de 1973.

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