Nas classes mais humildes, a
mulher africana afirma-se como a base da economia rural ou de subsistência,
como a verdadeira força agrícola que ronda os 75% deste humilde universo, em
que a sua produção de bens alimentares pode atingir a extraordinária soma de 80%, e em que a
possível transformação destes produtos de base se comercializa entre os 60% e
90%. Pequeno comércio, limitado a escassos produtos que se estendem pelas
praças, largos ou beiras das estradas.
Estima-se que, em Angola, este
conjunto de pessoas ronde os 40% dos seus habitantes.
O combate à fome e à extrema
pobreza, contrasta com a utilização do telemóvel por 616 milhões de pessoas em
África, num universo de 500 milhões habitantes, em idade activa.
Com uma década de crescimento
consecutivo de 5% ao ano, com uma população 40% urbana, e, com cidades que
ultrapassam milhões de habitantes, o desenvolvimento de uma classe média tem
sido lento e de difícil crescimento.
Se em Moçambique se procura
vender casas por 147.000 euros, com juros entre os 20% e 25% , quais são as
possibilidades de inserção e afirmação de uma classe média?
Aliás, nos arredores de Maputo, o
preço de uma vivenda é da ordem dos 300.000 euros, quase o equivalente de
Portugal, mas muito diferente do custo do Brasil.
Angola debate-se com idêntico
problema. O acesso ao crédito, o pleno emprego e sua estabilidade, até que
ponto permite o despontar de uma classe média, autêntico motor de
desenvolvimento de uma sociedade?
Fala-se muito de uma certa nata
endinheirada de Angola. Todavia aquilo que realmente interessa é do
desenvolvimento de uma autêntica classe média angolana, dignificada pelo seu
trabalho, comércio ou indústria.
Desde a formação de maquinistas até aos técnicos nos diversos sectores
da sociedade, o intercâmbio com a grande experiência dos portugueses pode
constituir uma força de afirmação desta sociedade civil que urge implementar em
Angola, para o seu autêntico desenvolvimento e esplendor.
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