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sábado, 18 de agosto de 2012

ANGOLA e a Classe Média


Nas classes mais humildes, a mulher africana afirma-se como a base da economia rural ou de subsistência, como a verdadeira força agrícola que ronda os 75% deste humilde universo, em que a sua produção de bens alimentares pode atingir a extraordinária soma de 80%, e em que a possível transformação destes produtos de base se comercializa entre os 60% e 90%. Pequeno comércio, limitado a escassos produtos que se estendem pelas praças, largos ou beiras das estradas.
Estima-se que, em Angola, este conjunto de pessoas ronde os 40% dos seus habitantes.
O combate à fome e à extrema pobreza, contrasta com a utilização do telemóvel por 616 milhões de pessoas em África, num universo de 500 milhões habitantes, em idade activa.
Com uma década de crescimento consecutivo de 5% ao ano, com uma população 40% urbana, e, com cidades que ultrapassam milhões de habitantes, o desenvolvimento de uma classe média tem sido lento e de difícil crescimento.
Se em Moçambique se procura vender casas por 147.000 euros, com juros entre os 20% e 25% , quais são as possibilidades de inserção e afirmação de uma classe média?
Aliás, nos arredores de Maputo, o preço de uma vivenda é da ordem dos 300.000 euros, quase o equivalente de Portugal, mas muito diferente do custo do Brasil.
Angola debate-se com idêntico problema. O acesso ao crédito, o pleno emprego e sua estabilidade, até que ponto permite o despontar de uma classe média, autêntico motor de desenvolvimento de uma sociedade?
Fala-se muito de uma certa nata endinheirada de Angola. Todavia aquilo que realmente interessa é do desenvolvimento de uma autêntica classe média angolana, dignificada pelo seu trabalho, comércio ou indústria.
Desde a formação de maquinistas até aos técnicos nos diversos sectores da sociedade, o intercâmbio com a grande experiência dos portugueses pode constituir uma força de afirmação desta sociedade civil que urge implementar em Angola, para o seu autêntico desenvolvimento e esplendor.

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