É evidente que os chineses não colocam Lobito a duas horas
e meia do Congo. Vendem comboios e carruagens para o terceiro mundo, ainda que
nas suas linhas utilizem tecnologia europeia para gáudio das suas ligações
internas a nível da ferrovia, atingindo a módica quilometragem de 500 Km à
hora.
Se a Espanha já dispõe de moderna tecnologia ferroviária,
procura vendê-la ao estrangeiro. Mas, no caso chinês não acontece o mesmo, já
que os indígenas angolanos ficam satisfeitos com dois tipos de classe nos seus
comboios, e o tal dito luxo europeu ou asiático quedaria mal empregue nas
savanas africanas.
É evidente que a rentabilidade de Madrid a Sevilha não é
conciliável entre o Rio de Janeiro e São Paulo, porque não têm a moderna
ferrovia, e as cidades angolanas não regurgitam de cidadãos endinheirados para
tais percursos.
Claro que esta questão do desenvolvimento convém aos seus
actores envolvidos, mas certas contradições são dignas de registo.
O mundo ocidental tem sido generoso com um tipo de
economia de “toupeira”. Esta economia de “toupeira” procura sugar a economia
mundial de várias formas.
Ao confronto do mundo soviético e do mundo americano,
surgiu a habilidade chinesa que procura conciliar o trabalho dos seus cidadãos
com o capital estatal de forma esplendorosa. Exploração do trabalho, baseada na
sonegação dos direitos humanos dos seus trabalhadores, para obtenção do máximo
capital dentro de um Estado socialista, cujo objectivo político é
embandeirar-se como potência económica.
Costuma-se dizer que com o mal dos outros se pode bem.
As certezas económicas de um rectângulo à beira-mar
plantado é que têm de brilhar no esplendor da confiança financeira.
A moeda europeia, criada para o mercado interno e balizada
no seu interior europeu, encontra-se balançada no movimento da globalização.
Como moeda cobiçada foi através da fraqueza dos seus estados, que se ressentiu
das suas debilidades. Ao mundo restrito da Europa surgiram os tigres asiáticos
que conjuntamente com os BIRD desencadearam surtos de desenvolvimento que a
letargia europeia foi incapaz de renovação.
Se o império romano tinha no “direito e no braço militar”
a sua base de sustentação, o sonho europeu navega na incongruência da sua
legislação e da disseminação das suas forças militares.
Uma moeda requer pilares de sustentação que não residem
somente no carácter da economia. Outras traves mestras sustentam a sua
afirmação. Por mais que a moeda americana seja periclitante, a sua base de
sustentação é bem segura.
Face aos novos ventos da globalização cujas bases
económicas e financeiras tem como objectivo o lucro imediato e espontâneo,
todos os elementos da arquitectura de um moeda são minados na base da sua
sustentação.
Com Angola e Moçambique na base da sua sustentação,
possivelmente com uma mão de ajuda do Brasil, o pequeno rectângulo encontre
ainda forças dinâmicas para qualquer tipo de evolução. A confiança numa
economia encontra-se nos caminhos que se possam abrir à sua expansão.
As parcerias económicas e o intercâmbio cultural, alicerçado na mesma língua
serão, porventura, uma das tábuas da nossa salvação.
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