“Nenhuma guerra liberta, insurgi-me. A violência aprisiona os seus perpetradores num ciclo de ódio. Não foi por acaso que todas as antigas colónias onde houve guerras ditas de libertação mergulharam após as independências em novas guerras. Os países que alcançaram a independência através de processos negociados conseguiram, pelo contrário, manter-se em paz.”
«Milagrário Pessoal» pg. 152, José Eduardo Agualusa, Edições D.Quixote, 2010.
A recente convocatória de Paris, sob a égide de dois comandantes, ainda conserva certos laivos de colonialismo. Não é por acaso que a África do Sul decidiu não participar, que representa mais de 10% da totalidade da riqueza africana, e que procurou desenvolver canais de diálogo.
Face à renúncia do poder estabelecido, nada mais do que esperar a revolta violenta.
No entanto, nos processos internacionais e a nível diplomático preexistem certos “vazios” que urge colmatar num processo revolucionário.
A guerra pode libertar, mas as suas sequelas são terríveis, quando o ódio se instala no seu coração.
O diálogo, como pressuposto de um “processo negociado” não seguiu os seus passos, quando os contentores extremaram as suas posições.
Para além da justa liberdade que os vencedores possam exibir continuam certos “vazios” e sequelas por preencher, que o tempo se encarregará de preencher.
A triste experiência africana do peso das guerras e revoltas é uma signa que os europes felizmente ou infelizmente não conhecem.
O comum cidadão africano revolta-se contra a sua casa destruída, os seus direitos essenciais abandonados e o seu futuro, sem a face visível da paz e tranquilidade social.
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