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segunda-feira, 16 de maio de 2011

EURO POLITIQUE.96 - "Nascer português é um azar do destino"


Uma casa portuguesa, “pão e vinho”, com certeza!...


Regressámos ao fado de Amália Rodrigues, com a velha signa que marca o destino português, erigido numa espécie de fatalismo estóico, ao qual o povo português não consegue escapar.

A fuga a este destino tem se dado através da emigração. E neste campo, ouvem-se os lamentos da comunidade emigrante, quer em França, quer nos USA.

Alguém dizia: “e, o povo?". ("Le peuple, the people, o demós"), o povo segue as marcas do destino e do fatalismo!...

Esta fatalismo erigido em destino, em que a pobreza se ergue como símbolo de dignidade que contrasta com as exigências de um mundo mais civilizado.

Em países em vias de desenvolvimento erguia-se o lema de uma “pobreza alegre”, o que contradiz com o destino fatal dos portugueses, que não aceitam as suas regras e exigências.

Mas por trás desta “pobreza alegre” surgia a “esperança de mudança”, que em certos casos deu os seus efeitos. Se o desenvolvimento económico acelera, nestes países, a 5%, em terras lusitanas assistimos a uma desvalorização de 7%.( 5% relativo ao déficit público, mais 2% de inflação).

José Gil afirmava “nascer português é um azar do destino” (“Em Busca da Identidade”, pg. 58, Edições Relógio d’Água).

Mas, os exemplos da eficiência laboral existem dentro e fora do País.

Após vários anos de ensino no Luxemburgo, alguém afirmava que os portugueses “sob o jugo”, ou, sob as directrizes deste país demonstravam uma eficiência fora de série.

Se tomarmos como exemplo a “Auto-Europa”, os sinais desta eficiência são bem visíveis.

Estes dois exemplos paradigmáticos vem demonstrar que a eficiência dos portugueses nada fica a dever aos estrangeiros nas suas qualidades de trabalho.

Conheço pessoas que visitam o nosso País, com o desejo expresso de comprar sapatos.

E, é verdade que a indústria do calçado se afirma categoricamente no estrangeiro. E falar de sapatos é falar também do azeite que, infelizmente, se equilibra no “import-export”.

Mas este tipo de argumentação deve-nos levar mais longe.

Os portugueses tem a mania que são “espertos”, mas esta esperteza depende da inteligência de outros, ou seja, da capacidade de olhar as coisas noutra perspectiva de ordem, método, de visão de futuro.

Exemplifiquemos: “eu sei que as coisas deviam ser feitas da seguinte forma”. (É de direito, é do senso comum!...). Mas apesar de “eu saber que é assim”, faço tudo ao contrário, porque o meu desejo é ser mais esperto que os outros, iludindo e, possivelmente, acusando os outros.

Esta mania de “ser esperto” funciona como uma “petição de princípio”, em que o direito e a ética não se encaixam. Não é por acaso, que Portugal tem tantos problemas com a Justiça.

Normalmente os “espertos” não tem princípios éticos e morais; ou seja, não tem valores, não têm respeito pelos outros, nem têm uma visão de futuro. O imediatismo, a força do desejo conduz a sua vontade, tornando-se numa força de direito.

Por isso, conduzem o seu desejo como “força de vontade” ultrapassando tudo e todos, não respeitando os direitos fundamentais, quando, por vezes, estão criando o próprio fosso da sua escravidão.

Esta falta de princípios leva à mentira e à injustiça, ou, à destruição dos elementares “direitos subjectivos” e “direitos objectivos”.

Os “direitos subjectivos”, consagrados pela lei e pela justiça, são destroçados e aniquilados por objectivos que unicamente pretendem diminuir os “direitos objectivos”

Objectivamente “nós sabemos que a sua função é esta, e, que cumpre os objectivos que pretendemos”, mas subjectivamente, (na base da mentira, da fraude e da ignominia), não tem condições para os nossos objectivos, ainda que possa demonstrar por outras formas as suas capacidades. Mas se estiver no estrangeiro, ou, em países mais civilizados, as coisas não são assim.

A pretensa moralização estatal, ou, também de certa “sociedade civil” tem como objectivo destroçar os seus “direitos subjectivos”.

Não é só o “direito ao trabalho”, como o “valor do trabalho” que se procura negar na sua essência, como toda esta cadeia que se monta e extrapola no país não permite a sua “eficiência laboral”.

A “força de vontade” em vez de submetida aos objectivos comuns sociais ou empresariais rodopia no jogo imediato do desejo, da ambição pessoal, do “sou mais esperto que os outros”.

Conheço portugueses que trabalham no estrangeiro e que detestam trabalhar em grupos de portugueses. Esta miscelânea de comportamentos e mentalidade aponta para alguém que dizia é “preciso mudar de vida”.

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