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domingo, 25 de abril de 2010

Staff presidencial. 81 - Cravo de Abril



Hoje recebi um cravo do 25 de Abril.


Não estava em nenhum restaurante da OCDE, nem no seu pequeno mercado, com café, mas no Portugal profundo. Não estou ligado às elites, mas convivo nos círculos mais populares e intensos, onde a violência pode irromper, a cada instante.

Os espelhos rodeavam-me repletos de cepticismo, por tal época e memória, e, decorriam em eflúvios ao divino Baco.

O cravo tinha sido distribuído por uma adepta do partido comunista, e, certo público centralizou-se na direcção do poder!...

No “Portugal profundo” tudo acontece, e todos pensam conhecer, quando não conhecem, embora estivesse a ler um artigo de António Barreto, no Diário de Notícias (razão da minha paragem).

Rapidamente surgiu-me à memória o famoso trio de adeptos que foi buscar o passaporte de Álvaro Cunhal, ao terceiro piso, da rua Édouard Fournier, em Paris.

O chanceler do Consulado volta-se para mim, e diz:

“Ali está o Álvaro Cunhal!...”

Fiz que não percebi a interpelação, pois existiam razões para tal facto.

Este facto, nada tem a ver com acontecimentos posteriores, quando se enfrenta os correligionários de tal partido. Nem, quando sabermos a história da libertação de Peniche.

A luta pela liberdade é um "travo amargo" que se afasta deste cálice.

É a cicuta que estamos condenados a beber sistematicamente, porque neste sistema não sabemos quem somos, e, porque lutamos.

E, olhando, para os rostos prepotentes que me ousavam enfrentar, dizia-me comigo mesmo: ”só sei que nada sei”, e, sou obrigado a aceitar as regras do jogo!...

Jaz o cravo frente ao espelho!....

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