Nos velhos tempos da inquisição ditatorial, procuravam-se os livros de Herbert Marcuse que estavam escondidos por trás dos livros, ditos normais, vendáveis e nacionais. Era, a técnica do livreiro, eficaz e rápida, para a sua compra e deleite da obra estrangeira, de cujo esconderijo se inaugurava uma fuga ao "index" político.
Quase, como obra de leitura obrigatória - "O Homem Unidimensional" - de Herbert Marcuse despontava, na língua francesa, da Livraria Bertrand do Chiado, em Lisboa, até à sua conferência em "primeira pessoa" na "Université de Nanterre", em Paris, onde discursava com um inglês, repleto de sotaque alemão.
Presentemente não existe "imprimatur", ainda que por debaixo das paredes de um convento se abrigue esta linda livraria.
A sua imagem é uma grata recordação dos tempos, em que na ânsia de novas incursões reflexivas, se revigoravam os pensamentos.
"Alfarrábios, calhamaços e catrapassos" fazem relembrar os antigos "scriptoriae" dos copistas, em que os monges pacientemente copiavam os "livros de horas". E, neste tempo, que nem horas tem, devora-se na fugacidade, aquilo que pertence à cidade!...
Mas na livraria "FERIN" até pode entrar para "saber como vai estar o tempo". O tempo que não tem horas!...
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