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Implantada na meia encosta da Serra da Gávea, a
inacabada Capela do Espírito Santo suscita um grande enigma acerca da sua
construção. A falta de qualquer licença
eclesiástica não permite chegar ao seu construtor, aos desígnios da sua obra, nem, à nomenclatura do Divino Espírito Santo, cujo nome lhe é atribuído.
Efetivamente, existe um registo eclesiástico a
favor de José António de Faria e Sousa, sargento-mor da Capitania-Mor de Vila
Nova de Cerveira do Governo Militar do Minho, que faz referência a uma capela
do Espírito Santo. Assim, em 11 de maio, do ano de 1774, solicita-se o embargo do
“capítulo de visita” deixado na capela do Espírito Santo, cuja localidade não
condiz com Cerveira. Ora, o “capítulo de visita” pode ser interpretado como uma
“reunião ou assembleia de monges”, secreta ou pública, todavia, localizada. Mas
a sua localização recai sobre a freguesia de São João de Vila Boa, em Barcelos,
o que, deste modo, contraria a zona de jurisdição do Sargento-Mor de Cerveira,
em pleno século XVIII.
Em 1794, fazendo jus à sua capitania, o Capitão-Mor,
José António de Faria e Sousa assume a Provedoria da Santa Casa da Misericórdia
de Cerveira. Com honras de Grandeza (“de jure e herdade”), a comarca de
Cerveira (terra de viscondes), alia o seu primeiro título no País, a 4 de março
de 1476, na pessoa de Leonel Lima, em que o poder eclesiástico fazia recurso ao
poder militar ou régio, de cujo testemunho surge o registo do embargo da capela
do Espírito Santo.
Se dois cunhais ou curtos alinhamentos em pedra
granítica demonstram as possíveis paredes laterais da capela inacabada, é, sem
dúvida, o seu incompleto “pórtico de entrada”, aliás, porta principal, que
funciona como janela aberta para o horizonte da sua paisagem. Nela se extasiam os
seus admiradores. Se o conclave de monges não consegui terminar esta capela
imperfeita, ou, foi impedido da sua conclusão, aqueles que entram no seu interior, oco e vazio, não
ficam presos à sua oração e reclusão, mas rendem-se, exteriormente, à sua beleza e contemplação.
N.B.
Referência:
«Registo de
provisão a favor de José António de Faria e
Sousa, Sargento Mor de Vila Nova de Cerveira, para embargar o capítulo de
visita deixado na capela do Espírito Santo, da freguesia de Dão João de Vila
Boa. Localidades: vila Boa São João, Barcelos». (Data de produção 1774-11-05)
Após doze anos do seu
casamento com D. Maria Teresa de Novaes Ferraz de Gouveia, em 1762, recaiu em favor do sargento-mor, futuro Capitão-Mor de Cerveira, o "registo de provisão". Porventura, divergências familiares, não terão dado origem às actuais ruínas da inacabada Capela do Divino
Espírito Santo, no Monte da Gávea, por obra deste Senhor das Casas do Seixo e da Loureira, em
Gondarém, Vila Nova de Cerveira?
(Deve-se a Francisco de Gouveia
Sampaio, como senhor e proprietário, a fundação da Capela do Espírito Santo, na freguesia de São João de Vila Boa, Barcelos, no ano de 1568, com os seus respectivos vínculos familiares).
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