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domingo, 24 de maio de 2020

EUROPOLITIQUE: O "TERRENO DA NORA" E A PARCELA DO ADVOGADO


“Que o diabo leva a burra e mais quem a carregue” - já que decidi vender o “terreno da nora” em que estava uma enorme e verde figueira, que a escondia dos raios de sol, que da ria se espraiavam até ao pequeno outeiro.  

As ruas, ainda em terra batida, deixavam entrever lá em baixo um verde escuro, que parecia um pequeno oásis, no descampado e seco monte de sobreiros e pinheiros. Era essa miragem que tinha atraído o jovem suíço, encantado pelo “terreno da nora”.

 O traçado da urbanização galgava tempo e espaço, já que em obras os dias perdidos são dinheiro deitado ao chão. Ainda não fizera a escritura, apesar de ter recebido uma pequena avença, pelo “terreno da nora”, cujo compromisso aguardava o Verão que tardava em chegar.

O compromisso da palavra dada tornava-se revogável face à urgência de capitalização, porque estamos em tempos, em que o tempo é dinheiro, embora o suíço estivesse na terra dos relógios. 

Embora, “os homens se conhecem pela palavra e os bois pelos cornos”, uma estocada ao suíço far-lhe-ia acordar que “o tempo é dinheiro”, e, que os compromissos não são para prolongar. Ou seja, à menor interpelação exibir-se-ia qualquer relação escrita contra palavra dita. 

De outro modo, à palavra dada que nada conferia, restava o argumento escrito que rege e manda em assuntos de registo de bens, em que a escritura é válida até à sepultura. Estamos na era da escrita e documento, cujo sacramento é do século anterior. 

As palavras voam, mas a escrita fica. E, palavra de advogado não é palavra de aldrabão. É ciência de escrivão.  


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