Aos olhos dos portugueses, a Espanha parece uma nação tão próxima, mas está tão distante que desconhecemos a sua complexidade.
Basta dizer que sem governo, a Espanha governa-se.
Basta dizer que o seu sistema de autoridade é mais complexo que o português.
Basta dizer que o seu sistema régio, é diferente do luso republicano.
Basta dizer que o iberismo floresceu, na minha infância, sob a perspectiva da minha paisagem e propagou-se numa certa ansiedade popular.
Basta dizer que Quixote e Sancho parecem inconciliáveis, e que se desconhece se qualquer destas personagens está em Barcelona ou Madrid.
Basta dizer que Espanha é uma potência económica, que somente a Catalunha ultrapassa Portugal.
Basta dizer que se comprava "carmelos" por duas pesetas, quando tínhamos um escudo.
Basta dizer que os combóios de alta velocidade centralizam Madrid, como a capital da sua política.
Basta dizer que o medo de Franco era a unidade espanhola.
Lluís Llach cantava em Paris, e, a Casa dos Estudantes de Espanha na Cité Universitaire estava fechada; e cantar na raia espanhola era parar nos calabouços da "Guarda Civil".
Dá-me a impressão que os portugueses temem e admiram a Espanha. Talvez admirem a Catalunha pela sua audácia, mas temem a Espanha pelo seu poder.
Se, o iberismo não vingou em Portugal, nas horas das angústias, o poder espanhol sempre ofuscou o pequeno luzeiro português.
Mas, certamente o senso comum português, e, não só, não legitima que somente a voz dos políticos permaneça como último recurso da condenação da Catalunha.
Enquanto Barcelona "canta" ou "chora" os seus amanhãs, Madrid fecha as portas!... torna-se difícil viver na "Inquisição Espanhola".
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