“Tão felizes que nós éramos” e “tão infelizes que nós
estamos”
A mudança política em Portugal
não aconteceu em 1959. Alguns dos seus eleitores foram espoliados dos seus
direitos, por exemplo, da sua reforma, ou, excomungados pela Igreja, que
habilmente pactuava com o velho regime..
Em 1961 estalam as guerras
ultramarinas, numa África maioritariamente independente após 1953, cujo País
não acedeu aos ventos americanos, e, ao impulso de Kennedy.
O retracto sociológico de Clara
Ferreira Alves, publicado na Revista Expresso, retracta bem o “filme a preto e branco”, que tantas angústias
causou, em que muitos estiveram envolvidos, e, que noutros se limitava a
“orgulhosamente sós”.
Da janela “a preto e branco” com
que observávamos o mundo, abrimo-nos na “paisagem colorida” que nos observa e
pela qual somos observados.
Hoje, em dia está em voga o
turismo.
Lisboa, capital e metrópole com
potencialidades extraordinárias queda-se a uns humildes 15% da avalanche
turística de Barcelona.
O País, na sua totalidade, fica a
55% do total turístico de Barcelona.
Ou seja, uma cidade espanhola
consegue ultrapassar o “preto e branco” e as cores coloridas deste País.
As suas cores floridas ainda não
despontaram em muitas estruturas intermédias, que infelizmente, grassam pelo
País, que afectam instituições e que corrompem bens e liberdades, por falta de
consciência moral e cívica. A mudança de mentalidade é lenta, e, as estruturas
cognitivas são retardadas, ou, despontam particularmente em certas camadas
sociais.
Mas, a Lisboa que devia ser a "Barcelona Portuguesa", como porta do
Atlântico e convivência do mundo, é efeito de uma causa que remonta a 1959.
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